“Estupefação e profunda indignação”. Foi desta forma que o presidente da Câmara Municipal de Viseu, Almeida Henriques, reagiu a uma alegada ligação da sua pessoa ao empresário viseense José Agostinho, no âmbito da operação «Éter», que investiga suspeitas de viciação de procedimentos no Turismo do Porto e Norte de Portugal. Um caso que já fez cinco arguidos, um dos quais, Melchior Moreira, presidente do organismo, que se encontra detido.
A notícia revelada pelo Jornal de Notícias, no dia 25 de Outubro, que avançava alegadas suspeitas de José Agostinho ser testa de ferro ou sócio oculto do autarca, foi prontamente refutada por Almeida Henriques, no decurso de uma conferência de imprensa convocada para defender o seu direito ao bom nome. A propósito deste caso, o autarca afirmou desconhecer qualquer investigação em curso. E garantiu não ter sido, em qualquer momento, chamado a depor nem constituído como interveniente.
Almeida Henriques “refuta com veemência” a pretensa ligação ilícita ao empresário José Agostinho, que lhe é agora imputada por esta notícia, “com quem não tem, nem nunca teve, qualquer relação de sociedade, directa ou indirecta”. E para que não restem dúvidas quanto à sua idoneidade, manifestou-se disponível, “como sempre esteve”, para colaborar com as autoridades judiciais no cabal esclarecimento dos factos, “esperando e exigindo a defesa do seu bom nome”.
Aos órgãos de Comunicação Social, Almeida Henriques, “sereno” mas “indignado”, e afirmando que “quem não se sente não é filho de boa gente”, lamentou que “se coloque em causa, desta forma, a reputação de uma pessoa”. E interroga: “Que estado de Direito é este que faz julgamentos pelos jornais?!”. Para logo concluir que o processo em que o querem envolver “é uma encenação muito rebuscada” num caso com o qual diz “nada ter a ver”.
O caso que saltou para a actualidade informativa envolve o empresário viseense José Agostinho, da empresa Tomi World, detido por suspeitas de alegada corrupção e viciação de contratos estabelecidos com o Turismo do Porto e Norte de Portugal. Que, em comunicado, também já refutou qualquer ligação imprópria a Almeida Henriques por “falta de fundamento”.
A Operação “Éter” tem um total de cinco arguidos. Estão todos a aguardar julgamento em liberdade, alguns sob caução, excepto Melchior Moreira, presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal (já foi deputado por Viseu à Assembleia da República), que se encontra em prisão preventiva. Uma medida de coação aplicada pelo Tribunal Criminal do Porto por receio de potencial perigo de perturbação da investigação.
A Melchior Moreira, que se afirma de “consciência tranquila”, são imputadas suspeitas de contratar de forma duvidosa a instalação de lojas interactivas através de empresas controladas por José Agostinho, em vários municípios portugueses, envolvendo operações financeiras que ascendem a 5,6 milhões de euros de facturação.
VISEU PERTENCE AO TURISMO DO CENTRO
A instalação de uma loja interactiva (semelhante às que estão a ser investigadas no âmbito da Operação «Éter») chegou a ser ponderada para Viseu, no âmbito de um protocolo entre este Município e o Turismo do Porto e Norte. No entanto, como diz Almeida Henriques, presidente da Câmara Municipal, “nunca chegou a sair do papel”. Sobretudo porque as relações como o Turismo do Centro, ao qual o Município de Viseu está ligado, “entraram numa lógica de normalidade”.
Em meados deste ano, a Polícia Judiciária do Porto efectuou meia centena de buscas, no âmbito deste caso, uma delas à Câmara Municipal de Viseu. “Levaram toda a informação que pretendiam, mas nunca fui chamado para prestar qualquer depoimento”, conclui Almeida Henriques