É o fim de um ciclo. A partir de Setembro, com a recente extinção do Instituto Superior de Teologia (IST), Viseu deixará de ser um centro de formação académica superior de futuros sacerdotes. O Seminário Maior, durante anos a sede daquela estrutura de ensino, continuará, no entanto, a assumir-se como núcleo de formação e permanência para os estudantes de Teologia deslocados para Braga.
A decisão de extinguir o IST, que concentrava as dioceses de Viseu, Guarda, Lamego e Bragança/Miranda, partiu de uma determinação da Congregação da Educação Católica, em Roma. Um desfecho a que não terá sido alheio o número cada vez mais reduzido de alunos que o frequentavam. No ano lectivo 2012/13, eram apenas três dezenas. Quatro seminaristas pertenciam à Diocese de Viseu.
O fim do IST implicou uma reestruturação de fundo. Neste caso, a formação teológica para o sacerdócio ficou confinada aos pólos de Lisboa, Porto e Braga, da Universidade Católica Portuguesa (UCP). “Lamentamos mas compreendemos a decisão tomada, por motivo de não termos os alunos que a Congregação de Educação Católica tem como mínimo”, diz D. Ilídio Leandro, bispo desta diocese.
A extinção do Instituto levou as quatro dioceses a tomar uma decisão. “Constituiu-se um seminário para estar próximo de uma faculdade e da consequente formação académica. Depois de dialogarmos com o senhor arcebispo de Braga, a escolha recaiu sobre o pólo da Faculdade desta cidade”, explica Ilídio Leandro. “As melhores condições foram apresentadas em Braga que vai fazer obras na casa que iremos ocupar e cada diocese terá de pagar uma mensalidade, sem mais nenhum encargo”, confirma D. Manuel Felício, Bispo da Guarda, citado pela Agência Eclésia.
O futuro seminário interdiocesano, em Braga, terá como reitor o padre Paulo Figueiró, da Guarda.
A Diocese da Guarda foi, aliás, a mais inconformada. Por proposta do padre Carlos Lourenço, o Conselho Presbiteral aprovou, no início deste mês, um “voto de protesto” contra a extinção do Instituto Superior de Teologia de Viseu. D. Manuel Felício recordou, a propósito, os esforços que foram feitos, ao longo dos últimos anos, pelas dioceses envolvidas, em ordem à criação do Instituto Superior de Teologia do Centro (Viseu/Coimbra). Uma pretensão que não vingou.
D. Ilídio Leandro desdramatiza o encerramento do IST e, sobretudo, as causas próximas da sua extinção, neste caso a falta crescente de seminaristas. “Na nossa diocese tem-se verificado um decréscimo de vocações, comparativamente com as outras três. Estamos a trabalhar para inverter essa situação. No entanto, não há muito que estranhar. Todos os dias vemos escolas a fechar, alunos a diminuírem, famílias a não terem filhos, menos jovens nas paroquias… É um movimento que infelizmente se verifica e tem consequências em várias dimensões”. Apesar disso, informa o bispo de Viseu, a diocese consegue ter 139 sacerdotes (24 aposentados), número que é reforçado na prática pela colaboração de uma dezena de diáconos.
O prelado anuncia, para breve, a constituição de uma equipa da Pastoral das Vocações que, a partir do próximo ano lectivo, terá uma nova dimensão e visibilidade no trabalho de captação de vocações em toda a diocese.
O bispo da Diocese de Viseu afirma que apesar do fim do IST, o Seminário Maior de Viseu – ao contrário do Seminário Menor de Fornos de Algodres que há seis anos se encontra em processo de venda – vai continuar a ter um papel preponderante na formação dos futuros padres. E a ser o motor de um conjunto vasto de actividades que têm directamente a ver com as actividades pastorais da Igreja Viseense. “Continuará a ser a sede do Seminário Médio, um seminário vocacional até ao 12º ano, e o espaço onde os que vêm de Braga passarão os fins de semana em actividades pastorais”.