“Sorte “, o terceiro álbum da fadista viseense, é um trabalho que cresceu, quando a recente pandemia praticamente asfixiou o mundo artístico, já se encontra á venda no mercado discográfico, com enorme aceitação do público em geral. Porque parar é morrer, Catarina Rocha nunca baixou os braços, aprendeu a conviver com a covid19 e acreditou que teria de dar uma “bicada” de esperança e de revolta em busca de um rápido regresso a uma normalidade, por todos ansiada. Assim nasceu a sorte que a artista também perseguia e que acabou por dar o nome ao novo álbum.
Catarina, como é que tudo aconteceu?
“ Há razões que a razão desconhece, mas isso não explica tudo. O álbum “Sorte” surge no encadeamento dos meus dois anteriores trabalhos. O primeiro, “Luz”, explica-se porque todos nós necessitamos de uma luz para iluminarmos o nosso caminho e o caminho dos outros; depois veio o “Vida” e tudo que o que a vida pode proporcionar com os seus momentos bons e menos bons. Isto faz todo o sentido e no fado, por exemplo, podemos encontrar isso mesmo, quando cantamos a vida. Mas achei que faltava algo mais. Com os dois álbuns já editados era preciso ir á procura de alguma sorte na vida, a sorte que todos também procuramos. Sempre ouvi dizer que muitas vezes falta na vida é um pouco de sorte. Hoje em dia o talento exige muito trabalho, eu sinto isso, e o nosso trabalho muitas vezes não é reconhecido se não se tiver alguma sorte. Foi assim que surgiu o nome para este meu último álbum.”
Já tem algum “feedback” do seu último álbum?
“ Tem tido uma muito boa aceitação, quer da crítica, quer do público, quer das televisões o que é sempre gratificante para qualquer artista, mas infelizmente não tive oportunidade de o promover devido ao período pandémico que o país estava a atravessar. O meu segundo álbum também apareceu num momento nada favorável, porque coincidiu com o encerramento de tudo que era espectáculo público e casa de fados no país. Mesmo assim o Fado Abananado não deixou de ter um grande sucesso, graças a diversos programas em que participei nas nossas televisões e rádios, a quem agradeço. Agora espero que o “Bicadas no Fado”, que integra este meu último trabalho, tenha a mesma sorte que continua a acompanhar o “Fado Abananado”. Afinal estamos a falar de sorte, já reparou?”
A propósito do mais recente trabalho discográfico de Catarina Rocha que, á semelhança de Cristiano Ronaldo (CR 7) também é conhecida dor CR 1, pela forma de cantar, melodiosa e cristalina, destaque para as “Bicadas no Fado”, o single do álbum, onde a fadista aborda a temática do “ fazer ouvidos moucos” e, deste modo, não se dar importância aos que os outros pensem ou vão pensar. Aliás o papagaio não aparece por acaso, e serviu de pretexto para abordar os fala barato, os papagaios da vida que aparecem para fazer, quase invariavelmente, sempre as mesmas críticas com ideias gastas.
O álbum “ Sorte “ integra temas de sonoridades variadas e com influências de vários estilos musicais, desde o folclore, as chulas do Minho, aos ritmos africanos, boleros, passando pelo pop e, claro está, o nosso fado, onde o publico em geral vai encontrar temas como o “ Algemas “ de Amália Rodrigues, o “ Não te Odeio “ de Maria Teresa de Noronha, ou o “ Benvindo Sejas Maria “ de Rui Veloso. Catarina Rocha assina grande parte dos temas originais, e contou também com letras e composições de Carlos Paiva, Manuel Graça Pereira e Pedro da Silva Martins. “ Sorte “ é uma produção de Valter Rolo e contou também com Ângelo Freire, na guitarra portuguesa, Marino de Freitas, baixo, Bernardo Viana, viola de fado, Vicky Marques, percussão, Valter Rolo, piano e João Frade, acordeão.
Catarina Rocha, apesar de ainda não ter sido possível a reabertura ao público dos grandes espectáculos, já voltou a sentir o calor humano de que os artistas tanta falta sentem, com aparições na televisão e na rádio e noutros espaços públicos, como no Mini Concerto, da FNAC, no Colombo, em 22 de Outubro passado. Ainda em Outubro , no dia 16, esteve no programa da TVI, “Em Família” da Margarida Cerqueira Gomes e Rúben Rua, na SIC, a 23, no “Alô Marco Paulo, a 25 na RTP1, na “ A Tarde é Nossa “ com Tânia Ribas de Oliveira e no passado dia 11 de Novembro novamente na RTP1, no programa “ Praça da Alegria “, com Jorge Gabriel e Sónia Araújo. E como não podia deixar de ser, um salto na Rádio Amália, no dia 22 de Outubro, para participar no programa “ Bairro Alto “.
Uma última pergunta. Como viveu a Catarina com a pandemia e com tudo fechado?
“ Que podia fazer? Remar contra a maré e esperar pelos ventos de bonança. Comecei a escrever e a compor. Foi aqui que senti que me estava a faltar algo alegre, o que me levou a repensar tanta coisa E assim nasceu o tema “Bicadas no Fado”, com música da minha autoria, o “ Cupido “, com música e letra minhas, o “ Onde Pensas que Tu Vais “ com letra do Carlos Paiva, e letra minha… enfim, já tinha escolhido o título do álbum, mas nunca tinha feito nada para promover um álbum meu. O álbum tem 11 títulos, porque introduzi o “ Fado Abananado “ e acredito que foi também uma boa opção.”
Carlos Bergeron