Pobreza e pessoas sem abrigo crescem em Viseu

Dezembro 9, 2013 | Sociedade

Durante a pré-campanha eleitoral autárquica o jornal Público fez várias reportagens sobre capitais de distrito, incluindo Viseu. Nesse trabalho, foi entrevistado o presidente da mesa da  Misericórdia que afirmou não conhecer casos de “sem abrigo” em Viseu. Não pomos em causa a sinceridade de tal ignorância, mas a verdade é que várias reportagens em jornais locais já tinham dado conta dessa realidade. Nós próprios, Núcleo de Viseu da Olho Vivo, nesta página do “Golpe de Vista”, relatámos casos de alguns “sem abrigo”, portugueses e imigrantes,  que ajudámos a tirar da rua.

Hoje queremos dar espaço ao testemunho do projecto “Colher de Esperança”, que em Junho de 2012 iniciou em Viseu uma actividade regular de apoio social aos sem abrigo. Começaram  por servir 11 refeições e hoje são cerca de 40 as pessoas a quem servem um kit de comida quente, todos os sábados e domingos, na passagem coberta entre a Rua Alexandre Lobo e a Rua Formosa. Para além dos sem abrigo dão ainda apoio alimentar a 72 famílias carenciadas.

São 63 voluntários, a maioria vindos de outras cidades como Aveiro, de profissões variadas (incluindo um piloto de aviões), divididos por 9 equipas de 6 ou 8 pessoas, organizados na Associação Cultural e Espiritualista de Viseu a que se juntaram elementos do Grupo Bora-Lá que colaboram dois sábados por mês (ver foto).

Em declarações à agência Lusa, Diana Costeira, directora da referida associação, afirmou que “Sem-abrigo não é só aquele que não tem teto, é um pouco mais do que isso. E consideramos que existe muita pobreza envergonhada da qual não se tem conhecimento”,

Admitiu ainda que a tendência é para que o número de sem-abrigo aumente, como consequência da crise que o país atravessa.

Com efeito,a crise e a política de austeridade que a alimenta ao mesmo tempo que faz aumentar a miséria, o desemprego, o número de pobres e de sem abrigo, criou mais 85 multimilionários portugueses em 2013 do que os contabilizados em 2012, sendo que todos estes 870 multimilionários estão muito mais ricos. Aliás, esta é uma tendência verificada a nível mundial, desde o colapso do sistema financeiro de 2008/2009,e o seu resgate pelos bancos centrais (Reserva Federal dos EUA,  Banco Central do Japão  e Banco Central Europeu) que o rendimento dos mais ricos do mundo tem duplicado à custa dos 99% da população mundial que sofrem com os cortes nos salários, na Saúde, na Educação e na segurança social. Segundo o relatório da consultora Wealth X and UBS, é este 1% da população mundial que domina a vida económica e política e impede qualquer solução racional para os grandes problemas que enfrenta a humanidade.

© 2020 Jornal Via Rápida Press. Todos os Direitos Reservados.