1.º Orçamento Participativo de Viseu: o triunfo do Bairro Municipal

Janeiro 30, 2015 | Sociedade

A proposta de recuperação dos telhados, portas e janelas de casas habitadas do Bairro Municipal (também conhecido por Bairro da Cadeia), venceu o primeiro Orçamento Participativo de Viseu – pioneiro no país em plataforma mobile -, com 6 por centro dos 3.271 votos registados. Foi a vitória de um movimento cívico criado em defesa do bairro, e também do Núcleo de Viseu da associação «Olho Vivo». Unidos pela mesma causa, nunca desistiram de defender a preservação de um aglomerado que faz parte da história da cidade de Viseu, e cuja demolição foi suspensa, já pelo actual executivo, em finais de 2013.

O Bairro Municipal foi construído em 1948 pela Câmara de Viseu e pela então Direcção-Geral de Urbanização como bairro de casas para classes pobres. Do conjunto original de 100 fogos do tipo T2 e T3, geminados e dispostos em banda, restam agora 87 habitações, depois do anterior executivo, presidido por Fernando Ruas, ter dado início a um projecto de demolição de 13 habitações, e à construção de um prédio de habitação social em altura.

Para além de terem conquistado o primeiro lugar no primeiro Orçamento Participativo de Viseu, beneficiando assim dos 75 mil euros alocados ao projecto vencedor, os moradores preparam-se agora para «saborear» a cereja em cima do bolo, e olhar para o futuro com novas e animadoras perspectivas, nomeadamente com a classificação do Bairro como Património de Interesse Municipal. Um projecto que, segundo o presidente da Câmara, Almeida Henriques, “é para avançar ainda ao longo deste primeiro semestre”.

“Este é um resultado convergente com o compromisso assumido pelo município em avançar com a reabilitação global de um bairro que é património arquitectónico, histórico, cultural e social de grande significado na cidade de Viseu”, sublinhou Almeida Henriques, na noite em que foram conhecidas as propostas vencedoras do primeiro Orçamento Participativo de Viseu. Uma posição reforçada pelos 25 por cento de votos obtidos no conjunto de todos os projectos apresentados a votação pelo Movimento do Bairro.

Garantida que está a “rápida execução” do projecto vencedor, as obras propostas vão ser executadas pela Sociedade de Reabilitação Urbana e pela Habisolvis, e privilegiarão as primeiras três a quatro habitações de acordo com a sua tipologia e estado de conservação. “Os moradores mais idosos em casas mais degradadas terão a prioridade na selecção das habitações. São os que esperaram mais por este dia”, concretizou Almeida Henriques, para quem “o sentido do projecto é o de reconduzir o Bairro Municipal à sua vocação original de habitação social para famílias carenciadas, tendo como pressuposto o respeito pela sua identidade social e arquitectónica”.

Assumindo a reabilitação do bairro como um projecto “inclusivo e humano”, a associar funções culturais, educativas e sociais, Almeida Henriques revelou a intenção da Autarquia em construir no Bairro Municipal, não só uma casa modelo que projecte, com a participação dos moradores, as opções de reabilitação, mas também a utilização de uma das habitações desocupadas como «casa da memória».

 

ORÇAMENTO DE 2015 ARRANCA EM MARÇO

Depois da “experiência piloto» que representou o primeiro Orçamento Participativo de Viseu, pioneiro no concelho, na região e no distrito, e que marcou, segundo Almeida Henriques, o “motor de uma nova cultura de democracia local”, a Câmara Municipal prepara-se para lançar a segunda edição em Março. Esta com uma dotação financeira de 150 mil euros, e a estender-se também às 24 freguesias que não foram abrangidas na primeira. Uma forma, segundo o autarca, de “motivar ainda mais a participação cívica”.

“Desta primeira experiência fizemos uma aprendizagem de todos. Uma aprendizagem que não volta para trás. O 2.º Orçamento Participativo está já a ser preparado com o dobro da verba”, garante Almeida Henriques.

 

© 2020 Jornal Via Rápida Press. Todos os Direitos Reservados.