A menos de um mês para a jornada nacional de protesto contra o pagamento de portagens nas ex – Scut, os altifalantes a convidar os cidadãos a manifestarem-se já se ouvem nas ruas de Viseu, Aveiro, Porto, Viana do Castelo, Guarda, Vila Real, Castelo Branco e Santarém. Oito distritos do país onde, há mais de um ano (8 de Dezembro de 2011), é preciso pagar para circular nas antigas e pomposamente apelidadas «vias sem custos para o utilizador». A ideia, segundo os organizadores, é motivar um jamais visto movimento de cidadãos que mostrem publicamente a sua indignação e exijam um «basta» a uma cobrança “a todos os títulos injusta”.
Num encontro realizado em Aveiro, no início do mês, ficou ainda assente que o repto para participação no protesto de 1 de Março, será também lançado aos utentes das regiões de Lisboa e Algarve. Tudo para que a jornada se constitua como uma das maiores e mais organizadas manifestações de repúdio contra as portagens alguma vez realizadas no país.
Não faltam às comissões de utentes das antigas Scut razões para não desistirem de lutar contra o pagamento de portagens. Entre os argumentos que têm esgrimido, sobressai o aumento da sinistralidade nas estradas nacionais, vias a que os automobilistas recorrem em alternativa a autoestradas por onde passam cada vez menos veículos. No caso do distrito de Viseu, vários têm sido os acidentes registados no antigo IP5. O mais recente, entre Vouzela e Viseu, fez uma vítima mortal.
Outra razão ponderosa invocada pelos utentes das ex – Scut para exigir o fim das portagens, tem a ver com o “desastre económico” que está a atingir pequenas, médias e grandes empresas, todas elas incapazes de incorporar nas suas despesas o pagamento de portagens. Uma situação que, em último caso, acaba sempre por se reflectir no consumidor final, constribuindo assim para a “espiral recessiva” de que tanto se fala, particularmente nas regiões atravessadas pelas novas autoestradas.
Francisco Almeida, em representação das comissões de utentes das A23, A24 e A25, considera que a cobrança de portagens, atentos os argumentos já identificados, “só é mesmo benéfica para as concessionárias”, entidades às quais o Estado aumentou nas rendas. Uma dituação, acrescenta o carismático dirigente, má “para os cidadãos, porque os empobrece, para as empresas de todos os sectores que estão a degradar-se e, consequentemente, a reduzir a actividade e a dispensar pessoal”.
O fim das Scut e a implementação das portagens, além dos reflexos na sinistralidade e no desemprego crescente, está a levar algumas das maiores empresas que apostaram no interior do país, a ponderar a sua deslocalização para outras paragens.
O protesto de 1 de Março vai ser, segundo Francisco Almeida, aquilo que os cidadãos quiserem. O facto de ter amplitude nacional, não significa que adopte a o mesmo formato em todas as regiões. Para já, apenas se sabe que será feito em espaço aberto, que o mesmo é dizer nas ruas, avenidas e outros locais públicos das diferentes cidades.