Desde o dia 1 de Outubro, não haverá mais descontos e isenções para empresas e cidadãos residentes nos concelhos confinantes com as ex-Scut. Chega assim ao fim a “discriminação positiva” que vigorou ao longo de nove meses nas A23, A24 e A25, depois da introdução de portagens nestas vias, onde a circulação sem custos para o utilizador (Scut) durou até ao dia 8 de Dezembro de 2011. A medida, anunciada pelo actual Governo no contexto das medidas de contenção impostas pela troika, irá afectar um número estimado de 692 mil utentes em todo o país.
O anúncio do fim das isenções e descontos nas ex-Scut foi feito, este mês, por Sérgio Monteiro, secretário de Estado dos Transportes, que garante que a medida, cuja implementação chegou a estar prevista para início de Julho, é tomada com carácter definitivo em respeito pelas normas comunitárias em vigor para este sector.
O fim das isenções, que garantiam uma dezena de viagens gratuitas a quem reside nos concelhos confinantes com as actuais A23, A24 e A25, permitiam uma poupança de algumas dezenas de euros, um facto relevante sobretudo para quem precisa de circular diariamente nestas vias para poder deslocar-se para o seu local de trabalho.
“Desloco-me três vezes por semana de Viseu a Aveiro, por razões profissionais, e cada viagem custa-me 12,80 (6,40 para cada lado). No conjunto das três deslocações, a brincadeira fica-me quase em 40 euros, valor que sou obrigado a reflectir nos custos dos produtos que comercializo”, lamenta António Pais, um vendedor residente em Viseu. O utente, neste caso da A25, confessa que, no início, ainda tentou poupar o valor de um pórtico na dezena de quilómetros do antigo IP5, entre Boaldeia (Viseu) e Penoita (Vouzela). “Não compensa. Apesar de alguns melhoramentos introduzidos, a via continua a ser tão perigosa como dantes”, conclui.
Desde que foram introduzidas as portagens, nenhuma das sete ex-Scut existentes no país escapou a uma significativa redução de tráfego: enquanto na A25 a descida foi de 25,5%, na Beira Interior (A23) a percentagem atingiu os 36,5% e na A24 os 36,7%. Alguns autarcas dos concelhos afectados, contactados pelo VR, não têm dúvidas de que, a partir de 1 de Outubro, essa redução será ainda maior.
Esta relativamente fraca afluência na procura das auto-estradas não impediu, contudo, que a Estradas de Portugal tenha arrecadado, até agora, mesmo tendo em conta os descontos e isenções, cerca de 150 milhões de euros.