Requalificação / duplicação do IP3 deve arrancar ainda este ano

Maio 9, 2018 | Região

Preto no branco. A requalificação / duplicação do IP3, a solução defendida pelo Governo, vai mesmo avançar. O ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, garantiu, na Assembleia da República, ser intenção do Governo que o primeiro concurso da obra “seja lançado ainda este ano”. O projecto aponta para a duplicação da via em praticamente todo o seu percurso, entre Viseu e Coimbra, e implicará a disponibilização de uma verba de cerca de 140 milhões de euros. No final, será uma via sem pagamento de portagens.

Indo ao encontro de uma solução que durante anos a fio foi reclamada pelos autarcas da região, nomeadamente Viseu, Tondela e Coimbra, a Infraestruturas de Portugal (IP) apontava para uma de três soluções: a requalificação / duplicação do actual IP3 ao longo de praticamente todo o seu percurso, a sua concessão a uma entidade terceira, e / ou a construção de uma auto-estrada paralela ao Itinerário existente. Esta última era a solução que mais agradava aos autarcas e empresários, desde que, feitas as contas, as populações não tivessem que ser penalizadas com o pagamento de portagens.

Perante os cenários em cima da mesa, o Governo optou pela requalificação / duplicação do IP3. As obras deverão beneficiar todo o percurso, excepto os locais com orografia difícil de ultrapassar. Em audição parlamentar, Pedro Marques informou que a solução apoiada pelo Governo prevê o aumento do número de faixas de rodagem onde isso for possível. Anunciou que os trabalhos incidirão, numa primeira fase, entre o nó de Penacova e o nó da Lagoa Azul, orçamentados em cerca de 15 milhões de euros. Para o membro do Governo, a justificação radica no facto de esta “ser a zona mais crítica em termos de segurança no IP3 e é essa a zona que esperamos possa entrar em obra mais rapidamente”.

Os autarcas e empresários da região, que nunca esconderam a sua preferência por uma auto-estrada entre Viseu e Coimbra, num traçado paralelo ao actual IP3, não deixam de considerar “positiva” a solução encontrada, embora não fosse a mais desejada. O facto de o projecto apoiado pelo Governo apontar para uma requalificação que em 85 por cento do percurso terá perfil de auto-estrada, com a vantagem de ficar livre de portagens, agrada no entanto à maioria.

O presidente da CIM Viseu Dão Lafões, Rogério Abrantes, foi dos que reconheceu que a duplicação não era aquilo que os autarcas mais desejavam, embora reconheça que a solução encontrada corresponderá “a uma melhoria substancial para todos aqueles que circulam no IP3”. O dirigente reconhece que o papel dos autarcas e movimento associativo empresarial, nomeadamente da AIRV, foram determinantes para induzir o Governo a avançar com uma solução. Afirmou-se, no entanto, algo preocupado com o facto de 3 por cento do actual IP3 contemplar apenas uma faixa de cada lado, o que no seu entender poderá provocar alguns constrangimentos. Preocupações que espera venham a ser ultrapassadas ao longo da execução dos trabalhos.

O presidente da Câmara de Viseu, na última Assembleia Municipal, mostrou-se algo reticente enquanto não conhecer a fundo os detalhes da obra de requalificacão / duplicação do IP3 e avisou que os autarcas não irão desistir da construção de uma auto-estrada para sul. Em sintonia com Almeida Henriques, a maioria dos deputados deste Órgão municipal rejeitou uma moção de congratulação pelo anúncio da requalificação daquela via. O autarca mostrou-se ainda desagradado com a realização de uma reunião em Coimbra, na qual foram explanados alguns pormenores do projecto, que deixou de fora, não só Viseu, como autarcas de toda a região abrangida pelo IP3.

O presidente da Câmara de Tondela, José António Jesus, mostra-se satisfeito com o rumo que a requalificação do IP3 está finalmente a tomar, solução que vai ao encontro do que tem sido reivindicado pelo seu concelho. O autarca espera que as obras garantam, na quase totalidade do percurso, duas vias em cada sentido e respectivo separador central, de modo a acabar com a sinistralidade que nos últimos 30 anos tem manchado aquele Itinerário, provocando insegurança nos milhares de automobilistas que por ali circulam diariamente.

José António Jesus espera que o Governo, tomada e anunciada que está a decisão sobre a solução encontrada, clarifique quanto antes o cronograma temporal para as obras e respectivo faseamento. Tondela pretende ainda ver a assumida pela tutela a conclusão do IC12, obra que considera estrutural para o fecho da malha de ligação da A25 e do IP3.

Ainda em relação ao IP3, relativamente à zona mais nevrálgica junto ao nó de Penacova / limite de Mortágua, junto ao nó da Lagoa Azul, José António Jesus considera muito perigoso manter apenas uma faixa de cada lado e sugere que, em última instância, seja construído um lanço alternativo com perfil de auto-estrada. Este é de resto o ponto que o ministro Pedro Marques já identificou como o local onde a requalificação do IP3 terá início.

O presidente da Câmara de Mangualde e do Conselho Regional, João Azevedo, considera “fundamental” o trabalho conjunto desenvolvido pelo Governo em sintonia com autarcas, empresários e sociedade civil em geral. “É uma opção de consenso da sociedade civil que responde aos anseios de autarcas, associações e população”. João Azevedo reconhece, no entanto, que a solução encontrada, “não sendo a mais qualificada, porque infelizmente não conseguimos ter um corredor duplo em toda a extensão”, é “a mais adequada” para a região e para o país.

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