Requalificação de Bairro de Viseu é obra para o país “ver e replicar”

Setembro 30, 2019 | Região

O Executivo Municipal já aprovou o projecto de requalificação do Bairro Municipal de Viseu, também conhecido por Bairro da Cadeia. O valor global da empreitada é de cerca de 6,8 milhões de euros, valor financiado por fundos europeus em 85 por cento. O prazo de execução é de 16 meses.

“É o culminar de um processo amplamente participado, no qual as 42 famílias que actualmente residem no bairro tiveram uma palavra activa”, salientou aos jornalistas o presidente da Autarquia, Almeida Henriques, depois, de «in-loco», ter entregado a cada agregado um dossier sobre a requalificação da sua residência e do bairro na sua globalidade.

A intervenção, que irá respeitar e preservar a arquitectura original do Bairro, onde a própria memória será reactivada em espaço próprio – a Casa da Memória – e as artes terão lugar de destaque com a atribuição de cinco residências, é considerada por Almeida Henriques como “bom um exemplo de requalificação para o país” onde há bairros deste género.

“Esta é uma reabilitação feita com alma, e não a régua e esquadro. Com este conceito não conheço outra no país”, salienta Almeida Henriques, que destaca o novo paradigma que se abre na preservação deste tipo de bairros. E recorda que foi o primeiro executivo a que presidiu que «travou» uma anunciada a demolição do Bairro.

“O Bairro esteve para ser demolido, por força da progressiva degradação, quer dos espaços e infraestruturas públicas, quer do próprio edificado. Mas optámos por não o fazer”, justificou o autarca.

Depois de classificado como Património de Interesse Municipal, em 2016, o Bairro Municipal viu inaugurado um bloco de habitação social no mesmo ano, com a construção de 20 habitações. No âmbito do 1.º Orçamento Participativo de Viseu, foram reabilitadas 8 residências.

A empreitada prevê a reabilitação de 81 edifícios, numa área de quase 25 mil metros quadrados , 42 para actuais moradores, 30 para colocar a concurso para jovens casais (com renda condicionada), 1 para alojamento temporário de famílias em risco, 1 para a Casa da Memória e 2 para serviços. Com tipologias T2, T3 e T4, as casas vão ser ampliadas com a afectação de um anexo e logradouros próprios.

Para além da Casa da Memória, a reabilitação reserva ainda um equipamento para o «Viseu Aproxima e Viseu Cuida», serviços técnicos do Viseu Estaleiro-Escola e de alojamento a pessoas em risco.

O projeto entra agora na fase de concurso público Internacional, em vigor ao longo dos próximos 39 dias, prevendo-se que as obras arranquem no primeiro semestre do próximo ano. “A partir da adjudicação, o Bairro vai estar completamente recuperado no espaço de um ano e meio”, acredita Almeida Henriques.

Construído entre 1946 e 1948, por iniciativa da Câmara Municipal de Viseu e da então Direção-Geral de Urbanização, como “bairro de casas para classes pobres”, tendo como projectista Travassos Valdez, era à época constituído por 100 fogos do tipo T2 e T3, abrangendo uma área de cerca de 32 mil m2.

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