O prometido é devido e o dia nacional de luta (1 de Março) ficou marcado em Viseu pela participação de mais de uma centena de viaturas no buzinão que mobilizou, de norte a sul do país, milhares de pessoas em mais um protesto contra o pagamento de portagens nas ex-SCUT (vias sem custos para o utilizador). Sem atingir as proporções de manifestações anteriores, sobretudo devido à ausência de camiões (apenas compareceram dois), a adesão na capital da Beira Alta acabou, mesmo assim, por bloquear as principais artérias da cidade. E por corresponder também às expectativas da organização, que promete não abrandar a luta enquanto o Governo persistir em manter uma medida que considera “claramente injusta e discriminatória” para as regiões do interior.
“Não estamos aqui para reivindicar descontos ou isenções. A luta termina, só e apenas, quando acabarem as portagens”, garantiu aos jornalistas Francisco Almeida, porta-voz da Comissão da Comissão de Utentes Contra as Portagens nas A25, A23 e A24, reagindo desta forma ao anúncio recente, feito pelo secretário de Estado dos Transportes, segundo o qual o Governo irá apresentar, no início de Abril, um modelo de cobrança “mais equitativo, seguindo o princípio do utilizador-pagador, que “respeitará as assimetrias económicas entre as regiões”.
Para Francisco de Almeida, as declarações daquele membro do Governo, “algo que não explica e nem diz como vai fazer” , não passam de mais uma tentativa para desmobilizar as pessoas nesta luta. “Porque diabo entendeu ele, e o Governo a que pertence, acabar com as isenções a 30 de Setembro, e promete agora revê-las? É algo difícil de perceber”, desconfia Francisco Almeida, que insiste na necessidade de um “tratamento diferente” para os distritos de Viseu, Guarda, Castelo Branco e Vila Real. “Não se trata de embirrar contra o pagamento de portagens, mas sim de reivindicar condições de acordo com as características destas regiões”, explica.
A falta de alternativas às A25, A23 e A24, com reflexos no aumento da sinistralidade, falência de empresas e no desemprego crescente, e o facto de estas auto-estradas atravessarem regiões com um poder de compra per-capite que representa menos de metade da média nacional (há concelhos servidos pela A25 que não chegam aos 30 por cento), continuam a ser alguns dos argumentos invocados pela Comissão de Utentes para que o Governo coloque um ponto final na cobrança de portagens nas antigas Scut.
Segundo Francisco Almeida, é a própria União Europeia que considera “altamente desfavorecidas” as regiões que registam um PIB per-capite inferior a 75 por cento da média nacional. “Aqui chega a ser de 60 por cento”, conclui ainda o porta-voz da Comissão de Utentes das A25, A23 e A24.