Cordão humano à volta da casa de Aristides de Sousa Mendes

Abril 24, 2014 | Região

No passado dia 6 de Abril, cerca de meio milhar de pessoas participaram numa homenagem a Aristides de Sousa Mendes, o cônsul de Portugal em Bordéus que desobedecendo a ordens expressas de Salazar, passou vistos a  cerca de 30 mil pessoas fugidas das perseguições dos nazis, incluindo judeus.  Discursaram membros da comissão organizadora e um neto de Aristides de Sousa Mendes que abriu o microfone a todos os presentes. Falou ainda a diretora regional de Cultura do Centro, Celeste Amaro, que anunciou que as obras de recuperação da casa do cônsul Aristides de Sousa Mendes, situada em Cabanas de Viriato, devem ter início no final de maio e que decorre a fase final do concurso público para substituição da cobertura, reforço e estabilização estrutural, com um valor base de 316.983 euros e um prazo de execução de 210 dias. As obras incluem a recuperação da cobertura e das janelas da cobertura e toda a parte estrutural de pilares que sustentam a casa. Na parte exterior “será feita a picagem das paredes, a pintura, e possivelmente, se ainda houver dinheiro, iremos ao resto das janelas, porque interessa-nos fechar a casa”, acrescentou.

Foi precisamente para salvar a Casa do Passal, em ruínas, apesar de ser, desde 2005 classificada como Monumento nacional, que se organizou este Cordão Humano à volta da casa de Aristides.

O presidente da Câmara de Carregal do Sal, Rogério Abrantes, avisou Celeste Amaro que não a largará até que esteja garantida também a segunda fase das obras, com vista à criação de um museu, cujo projeto deverá estar concluído até ao final do ano.

Celeste Amaro disse aos jornalistas que a casa pertence à Fundação Aristides de Sousa Mendes e que terá de se pensar, em conjunto com a Câmara, no destino a dar-lhe. “A segunda fase terá de ser bem pensada e certamente que haverá dinheiro para se recuperar, até porque todos sabemos que há muita gente lá fora interessada em a financiar”, acrescentou.

Luís Silva, um dos organizadores, veio expressamente de Londres para estar presente nesta iniciativa “Queremos que finalmente seja feita justiça, 60 anos após a morte de Aristides, alguém que pôs em perigo a família, 14 filhos, a carreira profissional e a vida dele, em prol de pessoas que não conhecia”.

José Rui Martins, da Associação Cultural e Recreativa de Tondela (ACERT), participou na homenagem porque “é um imperativo nacional e de cidadania dar a esta casa a notoriedade que ela merece. Gostava que um dia fosse um lugar de memória, um espaço onde os movimentos cívicos e os jovens possam ter conhecimento da importância da acção deste homem”.

Também estiveram presentes do cordão humano, alguns elementos do Núcleo de Viseu da Olho Vivo – Associação de Defesa do Património, Ambiente e Direitos Humanos. Um deles usou da palavra para chamar a atenção para a necessidade de continuarmos a seguir o exemplo de Aristides de Sousa Mendes, desobedecendo a ditames dos novos impérios que continuam a perseguir as mesmas pessoas que Hitler queria exterminar, como os ciganos, os homossexuais, os comunistas. Os novos judeus da Europa são os imigrantes. Já não há campos de extermínio, mas temos mares de extermínio,  como o Mediterrâneo, onde todos os dias se deixam morrer refugiados e emigrantes, fugidos da fome e da miséria provocados pelo neocolonialismo e pela corrupção de ditadores apoiados pelos governos “democráticos” da Europa.

Agora, espezinham-se os povos, já não com tanques, mas com bancos.

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