Centro de recrutamento fecha portas em Viseu

Maio 20, 2013 | Região

A Rua Direita continua a ser notícia em Viseu. E, nos últimos tempos, sempre pelos piores motivos. Todos eles associados a uma cada vez mais acentuada desertificação, de pessoas e negócios, que está a «matar» aos poucos aquela que já foi a rua mais movimentada da cidade. O «golpe de misericórdia» poderá chegar agora com o fecho anunciado do Centro de Recrutamento, onde são feitos à volta de  400 atendimentos por mês. “Tudo está a perspectivar-se nesse sentido”, confirmou ao «VR» o capitão José Carvalho, sub-Chefe daquela estrutura militar.

A notícia do encerramento do Centro de Recrutamento de Viseu (CRV) foi avançada a semana passada. Para além de Viseu, mais seis capitais de distrito poderão assistir ao fecho de idênticas estruturas: Braga, Coimbra, Faro e Vila Real (no continente), e Funchal e Ponta Delgada, na Madeira e Açores. As actividades serão transferidas e integradas nas unidades regimentais existentes nestas cidades. A funcionar em missão específica de recrutamento, ficarão apenas os centros de Lisboa e Porto,

O fecho, ainda em estudo, dos sete centros de recrutamento no país e regiões autónomas, consta de um documento de trabalho do Exército, e visa contribuir para uma redução de 30 por cento das estruturas físicas das Forças Armadas, nomeadamente unidades, estabelecimentos e comandos. “Existe um objectivo de reestruturação que privilegia mais a componente operacional, passando o recrutamento a ser uma das missões cometidas às  unidades regimentais”, confirma o capitão José Carvalho, que também não augura “nada de bom” para a Rua Direita com o encerramento do CRV.

“Este será apenas mais um dos muitos golpes de misericórdia que a Rua Direita tem sofrido ao longo dos últimos anos”, reconhece o presidente da Associação de Comerciantes de Viseu, Gualter Mirandez, para quem  O CRV é o único serviço público, para além da EDP, a funcionar numa artéria onde as falências e encerramentos de estabelecimentos comerciais continuam a ser «o pão nosso de cada dia».

Em declarações ao «VR», o capitão José Carvalho explica que os serviços actualmente prestados no CRV, que regista entre 300 a 400 atendimentos por mês, desde informações, pedidos de certidões, processos de aposentação e outros, passarão a ser feitos no RI-14, para onde serão transferidos também os 18 militares e quatro funcionários civis que ali trabalham.

No edifício da Rua Direita, apenas permanecerá, segundo o mesmo responsável, o Centro de Acção Social, afecto ao Instituto de Acção Social das Forças Armadas, um serviço que presta apoio a militares e ex-militares nas mais variadas valências, desde consultas médicas e apoio à doença, até à assistência ao domicílio, e que dinamiza também algumas actividades de lazer, recreio e convívio entre os utentes.

Em relação a uma hipotética  transferência do Núcleo Museológico do RI 14 para o espaço devoluto do CRV, recentemente sugerida por Fernando Ruas, presidente da Câmara Municipal de Viseu, José Carvalho reconhece que esta “seria uma boa decisão para reforçar  a conectividade entre o Exército, a população e os comerciantes e a Rua Direita”. E que poderia aproveitar, ainda segundo este responsável, as antigas e contíguas instalações da Cruz Vermelha. “Para além do espólio existente no Regimento de Infantaria, há muito material disperso que poderia, perfeitamente, preencher todo este espaço”, conclui José Carvalho.

© 2020 Jornal Via Rápida Press. Todos os Direitos Reservados.