Depois da tragédia que assolou toda a região centro e deixou vários concelhos do distrito de Viseu em situação de iminente ruptura social e económica, o presidente da Câmara de Tondela junta às preocupações do novo executivo, a que continua a presidir, o estado “crítico” em que ficou o aterro sanitário do Planalto Beirão, um equipamento que trata anualmente 120 mil toneladas de resíduos de 19 municípios de três distritos do país. “Do ponto de vista ambiental, há danos que têm de ser imediatamente reparados”, alerta José António de Jesus.
Localizada no concelho de Tondela, a unidade de tratamento integrado de resíduos sólidos da Associação de Municípios do Planalto Beirão, é um dos maiores aterros sanitários do país, com uma área de 12 hectares.
O alerta de José António Jesus surgiu no mesmo dia em que também a CIM Viseu Dão Lafões pediu ao primeiro-ministro uma reunião “com carácter de urgência”, para apresentar propostas tendentes a minimizar os prejuízos causados neste território pelos incêndios de 15 e 16 de outubro. Entre elas a abertura de avisos/convite de concurso no Programa Operacional Sustentabilidade e Uso Eficiente de Recursos “para apoio ao restabelecimento do funcionamento do aterro sanitário do Planalto Beirão (da Associação de Municípios do Planalto Beirão), profundamente destruído nesta catástrofe”.
O fogo que, cercou toda a unidade sanitária, consumiu totalmente o perímetro da área de deposição. O mesmo aconteceu com a membrana de cobertura das células que estavam seladas e deixaram de o estar, com a estrutura de produção de biogás que apresenta “danos gravíssimos” do ponto de vista do tratamento de lixiviados e tratamento de resíduos diferenciados e, ainda, com a recolha selectiva que deixou os vários órgãos comprometidos.
“Agora não basta recolher, é preciso tratar. Nesse sentido, temos feito uma sensibilização fortíssima, quer junto do senhor ministro das Infraestruturas, quer com o senhor Presidente da República, com quem tive o cuidado de partilhar esta realidade”, sublinhou José António Jesus, que aponta para a necessidade de uma linha de financiamento, no âmbito do POSEUR, para levar a cabo a reparação de danos no aterro do Planalto Beirão que deverão rondar os 4,5 milhões de euros.
“É impensável olhar para este grau de investimento sem ter imediatamente uma resposta nacional e é isso que estamos a tentar. A própria CIM – Comunidade Intermunicipal Viseu Dão Lafões -, fez um apelo para uma reunião urgente com o senhor primeiro-ministro e demais membros do governo, para que haja uma consciencialização profunda das implicações que daí derivam, se não existirem recursos para esta intervenção profunda”, concluiu o presidente da Câmara de Tondela.
Depois dos incêndios, «revalorizar o concelho», que sofreu prejuízos calculados em 12 milhões de euros, é agora a palavra de ordem em Tondela, onde ficaram também destruídas ou parcialmente destruídas 220 casas, sendo 50 a 60 por cento delas de habitação permanente. Que, “com ou sem apoio do Governo, ninguém deixará de ver recuperada”, garante José António de Jesus, que aponta para um investimento entre 4,3 e 4,8 milhões de euros só nestas recuperações.