A decisão de se candidatar à presidência da CMV foi influenciada, de alguma maneira, pela impossibilidade de Fernando Ruas se recandidatar ao cargo?
Não. Num primeiro momento, a decisão decorreu de um convite do Secretário-Geral do PS, António José Seguro, e da convicção pessoal de que, num momento tão difícil, tinha a obrigação de dar os meus contributos, cívico e político, demonstrando ser capaz de, com uma equipa competente, conduzir o meu concelho, onde sempre vivi, para um novo ciclo de crescimento e emprego. Quero fazê-lo centrado nas pessoas e nos esforços das mais capazes para uma mudança que inclua todos os viseenses ao reencontro com um futuro de esperança. Num segundo momento, a decisão transformou-se em realidade devido ao apoio que encontrei na sociedade civil e no PS.
Qual a sua prioridade para o concelho, caso venha a ser eleito presidente da Câmara Municipal de Viseu?
Quem tem muitas prioridades nunca realizará nenhuma. No caso da candidatura temos duas estruturantes: por um lado, criar industria, fixar empresas, estimular o emprego; por outro, dinamizar políticas sociais ativas que promovam mais solidariedade, melhor educação e acesso à saúde.
Se perder as eleições, aceita integrar o executivo como vereador?
Penso em ganhar e não em perder, em ser presidente e não vereador.
Que apreciação faz ao legado de 24 anos dos executivos liderados por Fernando Ruas?
Tem pontos fortes e fracos, como acontece a todos que desempenharam funções públicas. Há uma dominante positiva.Comecemos pelos pontos fortes. Em 24 anos conseguiu manter a cidade bonita, virtude (de muitas décadas) que sempre a caracterizou; abriu novos e amplos espaços para o seu crescimento, dinamizou oportunidades culturais e de lazer, apoiou o movimento associativo, ainda que de forma incaracterística, criou um centro da cidade ambientalmente equilibrado e um sistema de mobilidade globalmente positivo. Executou a maior parte do programa “Pólis”, lançado por José Sócrates. Destaco o Museu do Quartzo e a Ecopista. Lutou pela Faculdade de Medicina e por um novo estádio de futebol que, neste último caso, foi, como direi, um “desaire positivo”. Deixa a característica de um político combativo e a marca “Viseu, uma cidade onde dá gosto viver”. Ao contrário, no mesmo período de tempo, anulou a faculdade de arquitetura, impediu a promulgação, pelo Presidente Jorge Sampaio, da Universidade Pública (Instituto Universitário de Viseu) logo no início do governo Durão Barroso, e nunca valorizou as instituições de ensino superior. Falhou na criação, em Viseu, do Parque Científico e Tecnológico, por si extemporaneamente anunciado, e, sem força política, viu-o ser fixado e desenvolvido em Oeiras. Nos últimos 18 anos foi incapaz de aprovar o PDM, instrumento estratégico para o desenvolvimento sustentado. Vai emendar o erro com outro maior, obrigando a assembleia municipal a aprová-lo nos últimos 18 dias do mandato, na última reunião, criando um constrangimento para futura administração, seja ela qual for.Deixa por resolver os problemas de primeira geração, o saneamento, e transmite um paradigma económico ultrapassado. Nunca quis a industrialização e com uma política fiscal pesada e uma burocracia caótica permite todos os anos a deslocalização de empresas para concelhos vizinhos que obtêm também a preferência da indústria.Ao sair, o concelho de Viseu regista um aumento das insolvências em mais de 50%, do desemprego em 30%, sendo entre os jovens, até aos 25 anos, de 47% e nos licenciados, segundo dados de julho do IEFP, um aumento homólogo de 112%, reportado a julho de 2011. Deixa, igualmente, dois grandes erros: o funicular e o antigo mercado 2 de Maio.
Qual a estratégia global da sua candidatura para desenvolver o concelho de Viseu nos próximos quatro anos?
Conforme o programa participado que a candidatura apresentou, (consultável em http://josejunqueiro2013viseu.blogspot.pt/), quero, como estratégia, construir a política como um serviço para as pessoas e desenvolver um novo paradigma de governança autárquica, de cidadania ativa, de participação e proximidade. Como objetivo económico global, a candidatura trabalhará para criar um concelho amigo da industrialização, do investimento e do emprego, segundo o lema “trocar metros quadrados por empregos”; trabalhará para um concelho amigo da requalificação e do ambiente, e, finalmente, para um concelho promotor do desenvolvimento rural, agricultura da floresta e do turismo. Quero acrescentar ao lema “Viseu, uma cidade onde dá gosto viver” uma outra marca estimulante, “Viseu, um concelho onde dê gosto trabalhar”. Como objetivo social geral da candidatura, quero desenvolver o conceito de “Solidariedade Ativa”. Isso significa incluir Viseu na rede de Cidades Amigas das Pessoas Idosas, apoiando a economia social e a inovação, bem como na rede de Municípios Familiarmente Responsáveis e na rede Europeia de Cidades Saudáveis. Pretendemos desenvolver a marca “Viseu em Igualdade”, cidade integradora da juventude, com um largo espaço para a criação, a cultura e a capacitação do património, acrescentando-lhe uma característica competitiva estratégica essencial,“ Viseu Concelho Seguro”.