A decisão de se candidatar à presidência da CMV foi influenciada, de alguma maneira, pela impossibilidade de Fernando Ruas se recandidatar ao cargo?
Não. Acredito que na política, tal como na vida, somos nós que traçamos o nosso destino sem responder a qualquer tipo de condicionalismos excepto aos da própria vontade. Por isso a minha candidatura é, acima de tudo, fruto de um impulso pessoal. Viseu é a minha terra. Após alguma reflexão entendi que, ao fim de tantos anos a merecer a confiança política dos Viseenses de todo o distrito, chegou a hora de retribuir e envolver-me de forma mais activa na vida local. Viseu é a minha terra e é para com os Viseenses que tenho a minha fidelidade. Não se pense que uma candidatura autárquica é uma candidatura menor. Na minha perspectiva, uma candidatura autárquica implica uma grande proximidade com os eleitores, sendo por isso nobre e ao mesmo tempo recompensadora e foi por isto e nada mais que isto que me decidi candidatar.
Qual a sua prioridade para o concelho, caso venha a ser eleito presidente da Câmara Municipal de Viseu?
A minha candidatura tem por base uma ideia de cidade e sociedade muito própria, como tal apenas poderá ser entendida na diversidade das nossas propostas. Se tiver de destacar um ponto, tendo em conta a grave crise que atravessamos, será o destaque que daremos à defesa integrada e coerente de atracção de investimento. A nossa política económica não será uma mera política sectorial, ela será transversal a toda a nossa acção. Só com base num crescimento económico saudável seremos capazes de ter mais desenvolvimento social e cultural. A nossa candidatura também se destaca, das adversárias, pelo seu compromisso total com a cultura, uma das nossas grandes preocupações e no nosso entendimento uma das áreas menos acarinhadas pelo actual executivo municipal ao longo dos últimos 24 anos de mandatos. As indústrias e criativas são actualmente o sector de actividade com maior capacidade de gerar postos de trabalho e de estimular os demais sectores de actividade contribuindo também para a melhoria da qualidade de vida das populações. Nesta área está quase tudo por fazer.
Se perder as eleições, aceita integrar o executivo como vereador?
Sou candidato a presidente da Câmara de Viseu, o lugar que me caberá depois de 29 de Setembro, está na mão do eleitorado, como sempre fiz, aceitarei com humildade a sua decisão.
Que apreciação faz ao legado de 24 anos dos executivos liderados por Fernando Ruas?
Esta candidatura surge porque tenho a clara convicção que há muito tempo se esgotou o projecto assente em obras públicas, este modelo de desenvolvimento, abraçado por Fernando Ruas, era insustentável e levou o país à pré-bancarrota. Dito isto, e não descurando o facto de o Dr. Fernando Ruas deixar a Viseu um legado físico interessante, muito do qual projectado no tempo do Engº Engrácia Carrilho, estou convicto que ainda é muito cedo para fazer uma avaliação correcta e definitiva da acção do Dr. Ruas. Neste tipo de avaliações ter algum distanciamento histórico é mais prudente e nós, no CDS, optamos por pensar o futuro de Viseu, de modo a dar mais e melhor aos Viseenses, ao invés de contemplar o passado com qualquer tipo de nostalgia ou rancor. Deixamos esse tipo de análise para os historiadores, politólogos e outros cientistas sociais.
Qual a estratégia global da sua candidatura para desenvolver o concelho de Viseu nos próximos quatro anos?
Em Viseu, a política tem sido vezes demais parte dos problemas, e não parte das soluções. É urgente que se dê finalmente atenção a uma nova geração de políticas autárquicas. É necessário que o debate público e a acção do poder local se concentrem em temas como a sustentabilidade e competitividade económicas, a inovação e criação de empregos qualificados, a transparência das formas de gestão, a inclusão da capacidade instalada privada, também a acção social ou a cultura e as artes devem passar a ser entendidas como factor de desenvolvimento. A nossa proposta política passa por dinamizar os vectores acima referidos baseada na ideia de que ao Executivo camarário e restantes órgãos municipais cabe, não a direcção de toda a vida da sociedade, mas assegurar que o desenvolvimento e a projecção de Viseu se possam fazer de modo auto-sustentado na força, talento e independência das suas pessoas, empresas e instituições, como tal queremos deslocar o poder da Câmara Municipal para a iniciativa dos diversos agentes. É aqui que fazemos a diferença em relação aos nossos adversários. Eles querem multiplicar o alcance das políticas autárquicas, nos queremos reforçar o alcance da iniciativa privada de modo a ter uma sociedade verdadeiramente livre e moderna.