PSD desmascara prémio de «Melhor Autarca» dado a Fernando Ruas

Julho 5, 2013 | Opinião

Na última sessão da Assembleia Municipal de Viseu, na passada segunda-feira, o deputado Pedro Baila Antunes, do PS,  e Manuela Antunes do Bloco de Esquerda questionaram Fernando Ruas pelos prémios “Melhor Cidade” e “Melhor Autarca”, atribuídos a Viseu e a Viana do Castelo e aos respectivos presidentes de Câmara, denunciados pelo PSD de Viana do Castelo  como não tendo o mínimo de credibilidade, um mero “conto do vigário”, “prémio de pura vaidade com um custo associado que tem de ser pago por quem ganha os prémios”.

O jornal Público de 22 de Junho e o Diário de Notícias do dia seguinte publicaram artigos sobre este alegado logro denunciado nas redes sociais por jornalistas estrangeiros. A  empresa European Business Assembly (EBA), com sede em Oxford (se fosse em Stratford-upon-Avon não teria o mesmo efeito), segundo aqueles,  envia centenas de cartas, sobretudo para países do terceiro mundo, anunciando que determinada instituição ou autarca ganhou um prémio. Se o visado pagar (cerca de 4000 euros foi quanto pagaram Ruas e o presidente da Câmara de Viana do Castelo) pela inscrição, tem direito a divulgação do prémio durante cinco anos.

Não deixa de ser irónico que o prémio atribuído a Fernando Ruas tenha sido posto em causa pelo seu próprio partido, o PSD, em plena luta eleitoral com o autarca de Viana do Castelo, do PS.

Para além de Viseu e Viana do Castelo partilharem, em Portugal,  o título de melhor cidade (Best City), e os respectivos autarcas  o título de “melhor autarca”(Best Manager),  terão ainda de os compartilhar com municípios e autarcas de outros países (a “Cimeira de Líderes” em Montreux, na Suiça, onde serão entregues os prémios, contará com a presença de participantes de 30 países de Europa, África e Ásia).

Tudo isto faz lembrar o prémio de qualidade que uma conhecida marca de óleo alimentar publicitava na TV, denunciado pela DECO como fraudulento, resultante de mero negócio.

Fernando Ruas respondeu aos deputados municipais do PS e do BE que achou normal pagar 4 mil euros, porquanto também costuma pagar as inscrições no Congresso do PSD. A diferença está no facto de no congresso do PSD não dever pagar tanto dinheiro, e neste caso são os contribuintes viseenses que irão pagar.

Recorde-se que Fernando Ruas já tem uma considerável colecção de medalhas e galardões, acumuladas, principalmente, enquanto aguardava o desfecho da sentença judicial sobre o “caso das pedradas” (aos inspectores do Ambiente). Em 2009, Fernando Ruas recebeu a medalha de ouro atribuída por uma tal Societé Académique des Arts, Sciences et Lettres, (o primeiro português galardoado com ouro; Mariza e Rui Veloso só tiveram direito a vermelho), na qualidade de presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses, “pela promoção cultural que as autarquias portuguesas têm feito” (Lusa). Na ocasião, Ruas, deu como exemplo desta promoção, o apoio da sua autarquia ao Teatro Viriato e o programa cultural da própria Câmara de Viseu. Um espanto, em 2009, como hoje. Mas nada como aferirmos esta distinção pelos outros premiados: José Eduardo Moniz (TVI) e Zita Seabra, editora.

Mais surpreendente foi o galardão atribuído a Fernando Ruas (ou teria sido, mais uma vez, aos municípios portugueses?) por uma Universidade Polaca, juntamente com o Instituto Camões, pelo contributo pela dinamização da língua portuguesa. Ruas, na altura, disse aos jornalistas: “Não sei se isto terá alguma ligação. É possível que as instituições falem umas com as outras”.  Estão a ver?  A universidade polaca telefona à academia francesa (ou vice-versa) a perguntar: “Vocês conhecem algum português que se tenha distinguido pela promoção da língua portuguesa no estrangeiro?” E a academia responde: “Tivemos cá um autarca jeitoso, com um bigode muito latino, que representa os  outros todos e só fala português. E é barato,  só trás uma assessora”. – “Serve”.

Ah, já me esquecia, em Fevereiro deste ano,  Fernando Ruas recebeu a medalha de ouro do Hospital de Viseu, dirigido por um homem do PSD. E as Cavalhadas de Vildemoinhos deste ano dedicaram-lhe um carro alegórico, assegurando-lhe o amor eterno dos trambelos. Ou, pelo menos, do presidente da Junta de S. Salvador, eleito pelo PSD, que por sinal também é funcionário da autarquia.

Se calhar é pelo PSD estar tão omnipresente na sociedade viseense que  Almeida Henriques esconde o símbolo do partido no seu cartaz de candidato. Por o ambiente já estar demasiado carregado. Saturado.

                                                                                                                                                                                                       (Carlos Vieira e Castro)

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