Foi ainda no tempo da gestão do Eng. Engrácia Carrilho à frente dos destinos da Câmara Municipal de Viseu que se entendeu encerrar o mercado 2 de maio. O dito mercado precisava efetivamente de uma grande reestruturação para se adaptar aos novos tempos e às novas necessidades.
Uma das construções mais típicas da cidade, era sem dúvida um pólo de atração popular, e até um ponto de encontro dos viseenses. Fervilhava de movimento e acção, e nele se habituaram as pessoas a adquirir os “mimos” do dia. Mas, como tudo, na vida, estava ultrapassado.
Pensou-se e levou-se a efeito a construção de um novo mercado, que infelizmente figura hoje comodas piores coisas se construiu em Viseu, mas deixarei isso para mais tarde.
Hoje quero apenas situar-se no que ficou do “velhinho mercado”.
Fernando Ruas foi o herdeiro, e ficou sem saber muito bem, o que dele fazer.
Encerrado durante muito tempo, havia necessidade de se lhe arranjar um futuro. Viviamos” no tempo das vacas gordas”, e nada melhor do que Siza Vieira para dar categoria ( e dinheiro) ao projecto para ali se instalar qualquer coisa nova que prestigiasse a cidade e a tornasse útil aos viseenses. O arquitecto em causa, merecia-nos a todos a maior confiança, por ser indubitavelmente, uma personalidade mundialmente reconhecida e considerada no mundo da arte arquitectónica.
Mas isso, o facto de ser um projecto com a assinatura e os honorários de Siza Vieira, não iliba a responsabilidade do Presidente da Câmara, Fernando Ruas em aceitar e mandar executar as obras, porque entrava pelos olhos adentro a qualquer pessoas, que o que propunha não tinha pés nem cabeça. Já uma vez referi, acreditar que tal estudo terá sido certamente efectuado por um qualquer estagiário do gabinete deste famoso arquitecto, pois não acredito que Siza Vieira pudesse “parir” um tal aborto. Recuso-me a admitir tal possibilidade.
Hoje está lá “aquela coisa” que não é absolutamente nada.
Umas mini lojas,que fazem lembrar o Portugal dos Pequeninos, sempre “ás moscas” e um largo semeado de umas tantas árvores.
O que é AQUILO, e para que serve? Foi uma oportunidade perdida de transformar aquele espaço num aprazível local de encontro e lazer. Muitas das belas estruturas metálicas então existentes no velho mercado que deveriam ter sido preservadas, foram, pura e simplesmente arrasadas. Sabemos que o próprio Dr. Fernando Ruas se sente hoje frustrado com a situação em que se encontra hoje aquele espaço do velhinho e saudoso mercado , mas alega, e mais uma vez, que uma obra assinada por um arquitecto só pode ser alterada com a autorização do próprio. Lá estamos nós novamente perante esta ditadura obsoleta dos ditos arquitectos. Esperam todos os viseenses, que alguém com mais coragem e imaginação, possa num futuro próximo, arranjar uma solução digna, para devolver à população, um dos locais mais nobres da cidade. O tempo passa, e já se faz tarde.
José Reis