No passado sábado, dia 1 de Dezembro, o grupo informal que em Viseu integra o movimento QUE SE LIXE A TROIKA! QUEREMOS AS NOSSAS VIDAS, participou num evento no Bairro Municipal, convocada nas redes sociais, para chamar a atenção da população da cidade para a demolição daquele conjunto arquitectónico considerado único por especialistas em património.
Junto às ruínas das casas demolidas, num cenário a fazer lembrar um cidade bombardeada, tal o volume das enormes pedras amontoadas, o arquitecto Luís Pedro Seixas, ex-morador do Bairro Municipal, e ex-presidente da Associação de Moradores, explicou aos presentes a operação urbanística encetada pela Câmara, que passa por destruir mais de cem fogos de habitação social para construir blocos com um total de apenas 56 fogos sociais, sendo o espaço restante destinado à construção privada, numa altura de “estagnação, senão mesmo de refluxo do crescimento da população e quando não se colocam problemas à expansão da cidade noutras frentes”.
Várias pessoas presentes manifestaram indignação pela demolição do bairro. Gerrie Wolfs, holandesa, afirmou que quando chegou a Viseu, há 19 anos, ficou encantada com aquele bairro, o mais bonito da cidade”, ao qual se sente ligada já que os seus dois filhos frequentaram a Escola da Balsa, integrada no bairro. E acrescentou que na Holanda as pessoas preferem viver em casas térreas como aquelas, com jardim e quintal, do que encaixotadas em apartamentos.
Para além da visita guiada ao bairro e do debate sobre as formas de impedir o processo de destruição em curso e de recuperação deste local sem destruir a sua função social, foi exibido o excelente documentário de Raquel Castro, “O Bairro”, e um vídeo com fotografias antigas que emocionaram alguns dos moradores presentes no convívio.
Carlos Vieira e Castro