Segundo sindicalistas, no distrito de Viseu, dois terços dos professores contratados inscritos para prestarem prova de avaliação de conhecimentos não o puderam fazer devido à greve dos professores vigilantes que assim se recusaram a vigiar os exames com que o ministro Nuno Crato pretende humilhar toda a classe dos professores.
Segundo a Fenprof, cerca de seis mil professores, quase metade dos inscritos a nível nacional, não fez a prova. Em 40 das 113 escolas a prova nem sequer se realizou. Foi o caso da Escola Infante D.Henrique do agrupamento de Escolas Viseu Sul, em Viseu, onde só um dos 200 professores convocados para vigiar não fez greve e do Agrupamento de Escolas do Viso onde só dois professores furaram a greve”.
O ministro Crato, ao pôr inspectores a pressionar e desautorizar directores de escolas e permitir que a polícia entre em estabelecimentos de ensino, como aconteceu na Escola Alves Martins, em Viseu, a pedido do seu director, abre uma escalada de guerra contra os professores que só pode servir como cortina de fumo para esconder a escandalosa transferência de financiamento da escola pública para os colégios e escolas privadas. Até comentadores de direita como João Miguel Tavares, no jornal Público, reconhecem que “esta prova é moralmente injusta – porque atinge apenas os mais fracos – e politicamente idiota – porque humilha os professores sem necessidade”.
Acossado, o ministro Crato dispara para todos os lados, e vem agora pôr em causa a formação dos Politécnicos e das Escolas Superiores de Educação, desprezando o relatório PISA que mostra a evolução positiva do ensino em Portugal e a queda a pique do ensino na Suécia, seu modelo da privatização da escola pública.
Se Crato tivesse um pingo de vergonha e dignidade já se teria demitido. Catarina Martins, do Bloco de Esquerda, exigiu a Passos Coelho a anulação da prova, também reivindicada pela Fenprof, e a demissão do ministro Crato.
PASSOS E PORTAS, OS DRONES DA TROIKA, CONTINUARÃO A INFERNIZAR-NOS A VIDA COM AUSTERIDADE TELECOMANDADA
Passos e Portas rejubilam com a avaliação positiva da Troika. Mas, como disse Catarina Martins, “a Troika avaliou sempre positivamente aquilo que empobreceu mais o país”. Mal Paulo Portas acabava de proclamar em conferência de imprensa que a Troika estava de partida, logo veio o presidente do Banco Central Europeu, Mário Draghi, questionado pelo eurodeputado do CDS Diogo Feio sobre o fim do resgate ao nosso país, afirmar que Portugal irá ter um programa cautelar, ou seja, como também já disse a presidente do FMI, Lagarde, teremos de continuar a aguentar a violência da austeridade, apesar de reconhecer que a austeridade aplicada pela Troika a Portugal foi excessiva e teve efeitos perversos.
Mas o PSD e o CDS precisam de criar uma narrativa de sucesso ainda que mitificada, e o deputado e vereador do CDS Hélder Amaral, escreveu esta semana, no Diário de Viseu, um artigo em que depois de embandeirar em arco os supostos indicadores positivos, acaba com este axioma fabuloso (literalmente, de fábula), para justificar a “liderança firme” do governo colaboracionista do PSD e do CDS na aplicação da austeridade ditada sem o mínimo de humanidade e sensibilidade social pela Troika, fazendo até jus de ir além da Troika: “É melhor ter um exército de ovelhas chefiada por um leão, do que um exército de leões comandado por uma ovelha”.