A transferência do Mercado Municipal foi um erro que hoje todos reconhecem, utentes, vendedores e comerciantes da Rua Formosa e da Rua do Comércio. O próprio centro histórico se ressentiu. Tem-se atribuído a culpa do insucesso da nova praça ao projecto de Siza Vieira, mas, na realidade, a culpa foi do dono da obra, o presidente da autarquia, que não disse ao arquitecto o que é que queria fazer da praça. Siza fez uma escultura arquitectónica, sem funcionalidade, mas bonita. Parece uma miniatura do jardim das laranjeiras da Mesquita de Córdoba, só que as magnólias não cresceram o suficiente, nem crescerão se continuarem a não as regar. Um autarca mais avisado, teria entregue a obra a um arquitecto local, que talvez tivesse o bom senso de deixar ficar os telheiros das bancadas, substituindo estas por bancos de jardim, por exemplo. Já o projecto adiantado por Almeida Henriques de implantar uma cobertura, não sei se será boa ideia, precisamente por causa das magnólias. A ver vamos…
Fernando Ruas nem sequer ouviu os comerciantes da Rua do Comércio e da Rua Formosa que alertaram atempadamente para a falta de funcionalidade das lojas viradas para o interior da Praça, mas sem espaço para ter portas abertas para os dois lados, a praça e a rua.
Agora, o novo executivo repescou algumas ideias avançadas pela Associação dos Comerciantes e por partidos da oposição, para revitalizar o Mercado 2 de Maio. Luís Mouga Lopes, eleito pelo BE, propôs na Assembleia de Freguesia de Viseu uma Feira de Trocas que foi aprovada e levada a cabo por um grupo de trabalho alargado, no passado sábado, dia 10. Os cerca de 80 inscritos e a afluência de interessados em comprar e trocar fez do evento um sucesso, que terá repetição em Julho. Mas será que Viseu não pode ter uma feira destas todos os meses? Salamanca, por exemplo, tem um “rastro”, todos os domingos, que atrai largas centenas de pessoas. Lisboa tem a “Feira da Ladra”, Porto a “Vandoma”, Paris, entre outros tem o “Marchée aux pusses”, Londres, “Porto Bello Road”, Madrid, “o rastro”.
O evento mais propalado pela Cãmara foi a a comemoração dos 135 anos da inauguração em 1879 do Mercado 2 de Maio, assim chamado devida à entrada em Viseu, nesse dia de 1834, das tropas liberais comandadas pelo 1º duque da Terceira. Ao cortejo de encenação histórica seguiu-se a actuação do Orfeão de Viseu, da APPACDM Viseu e `por volta das 22 horas, um concerto de A Presença das Formigas”. Este grupo, prémio José Afonso com o seu anterior disco “Ciclorama”, apresentou temas do seu novo CD: “Pé de Vento”, mais uma obra prima da música portuguesa de todos os tempos e de todos os tipos, porque se na origem das temas está a tradição popular, os arranjos revelam uma sólida e vasta erudição musical. O que não é de estranhar já que, por exemplo, André Cardoso é professor no Conservatório Regional de Música de Viseu, tendo actuado em vários concertos no âmbito do 7º Festival de Música da Primavera de Viseu, que decorreu de 17 de Abril a 11 de Maio.
Associação “Olho Vivo” – Viseu