Dos 58 candidatos seleccionados, apenas 18 foram admitidos na primeira edição da Escola de Pastores que a Superior Agrária já tem a funcionar nas suas instalações. São provenientes de diferentes sectores, com habilitações que variam entre a escolaridade obrigatória e a licenciatura, com origens geográficas para lá da região DOP «Serra da Estrela», e têm entre os 18 e os 50 anos. As inscrições vieram de todo o país, mas a preferência foi dada aos candidatos que residem ou trabalham na região do Queijo Serra da Estrela.
Na aula inaugural, o presidente do Politécnico de Viseu, João Monney Paiva, incentivou os novos formandos a prepararem-se para uma actividade que “apenas se tem mantido graças à resiliência de muito poucos, e que estava em risco de desaparecer”. E que contribui, segundo o mesmo responsável, “para a preservação da natureza e para a diminuição de desequilíbrios no país, sobretudo nas zonas que sofrem uma forte desertificação”.
A formação está a ser ministrada pela ESAV do IPV e também pela Escola Superior Agrária do Politécnico de Castelo Branco, no âmbito do Programa de Valorização da Fileira do Queijo da Região Centro. Em Viseu é ministrada no âmbito da Denominação de Origem Protegida (DOP) “Serra da Estrela”, com a componente prática a abranger os concelhos de Viseu, Gouveia e Oliveira do Hospital.
Para o presidente do IPV, a Escola de Pastores “tem uma profunda ligação telúrica à natureza e assenta em duas grandes vertentes: a necessidade de valorizar os nossos produtos, assegurando de igual modo a segurança alimentar, e a criação de condições de aprendizagem para actividades e profissões tradicionais, facultando conhecimentos práticos e científicos”.
A Escola de Pastores, que registou cerca de 160 candidaturas, tem uma duração de 560 horas (410 para a componente prática e 150 para a componente teórica) e tem como propósitos: contribuir para o reforço e rejuvenescimento da actividade; promover a inovação e o conhecimento dentro da fileira dos queijos da Região Centro; qualificar empreendedores e dotá-los das competências necessárias para o desenvolvimento da actividade, de forma profissional e rentável.
O presidente da Superior Agrária, António Monteiro, releva a importância da Escola de Pastores na valorização dos produtos endógenos e a esperança de que esta possa ser “um pólo renovador do sector e que contribua para valorizar o produtor, o pastor e a importância do trabalho que desenvolvem”.
“Não vejam esta profissão como algo que, em termos sociais, não tem «status». Nada disso. Um pastor é um gestor, é a pessoa que gere um rebanho e que toma as decisões. Hoje podemos mesmo chamar-lhe um CEO. Um empresário que emprega pessoas”, concluiu o professor, em forma de incentivo, no final da primeira aula