As três escolas de ensino secundário de Viseu – Viriato, Emídio Navarro e Alves Martins – continuam a somar pontos a nível nacional. Enquanto a Alves Martins repetiu, no último ano lectivo, a proeza de “meter” mais 25 alunos em Medicina, Viriato e Emídio Navarro conseguiram o feito, não menos relevante, de garantir que 97% dos estudantes que se candidataram ao ensino superior entrasse logo na primeira fase. O maior mérito, neste caso, pertence à Secundária Viriato, que, para além de acolher uma população escolar mais periférica, foi a única, entre as três, que não teve as obras de requalificação que vieram melhorar substancialmente o funcionamento e condições de aprendizagem nas restantes.
A Escola Secundária Viriato, com 1085 alunos, além de garantir os 97% de colocações no superior, logo na primeira fase (a exemplo da Emídio Navarro), ainda viu três estudantes ingressar em Medicina, um número mesmo assim abaixo dos oito registados no ano lectivo de 2010-2011. A este propósito, o director do estabelecimento de ensino, Carlos Alberto Borges Oliveira, explica que há muitos alunos com notas para ingressar em Medicina, “mas optam por outros cursos com notas de ingresso igualmente elevadas”.
O dirigente destaca o sucesso dos resultados conseguidos, tanto mais relevantes, sublinha, quanto o contexto geográfico da Viriato proporciona contextos sociais bem diferentes, por exemplo, do que acontece na Alves Martins. “É preciso ter em atenção que cerca de 60% dos nossos alunos estão sinalizados como carenciados, sendo que a maioria, mais de 65%, não vêm para a escola de automóvel, tão pouco a pé (devido à distância que separa a escola das freguesias onde residem) mas de transporte escolar”, explica.
O perfil mais periférico da população escolar da Viriato, associado a situações de alguma carência económica, não põe em causa, “de maneira nenhuma”, o ambiente “altamente positivo” que se vive na escola. “Estamos muito atentos. Os nossos professores e auxiliares não descuram os sinais dados pela população estudantil, e isso tem valido que seja a própria escola a tentar recuperar situações que poderiam evoluir negativamente para alguns dos nossos jovens. Não desistimos deles”, assegura Carlos Alberto Oliveira.
A Secundária Alves Martins, a mais urbana das três, fez, no último ano lectivo, aquilo que vem fazendo nos últimos anos: atingir notas tão altas, que muitos dos seus estudantes não têm quaisquer problemas em entrar nos cursos superiores mais desejados. Em Medicina, por exemplo, entraram 25. Mesmo assim, menos sete do que no ano anterior (2010/2011). O director da escola, Adelino Pinto, prefere avaliar o todo, e não apenas a parte, ao concluir, perante um sucesso repetido, que há muitos mais alunos com médias acima dos 18 valores que trocam a Medicina por cursos como Arquitectura e Direito.
A Secundária Emídio Navarro, que partilha com a Alves Martins a população mais urbana de Viseu, apesar das obras de vulto que recebeu, tem uma realidade algo diferente. É que dos 1138 alunos que frequentam a antiga escola comercial e industrial, 354, mais de 40% do total, estão sinalizados pelos serviços sociais como carenciados: 157 no escalão A, com refeições gratuitas e pagamento de livros, e 197 no escalão B, com o pagamento de metade das refeições e menor complemento para livros. Paulo Viegas, director da Emídio Navarro, não dramatiza a situação da escola, em função deste contexto social. “Não podemos, nem seria sequer desejável, que todos os estudantes optassem por Medicina no final da sua formação secundária. Na nossa escola, temos de tudo, ainda que as áreas privilegiadas sejam Economia e Direito”.
Paulo Viegas, que viu o estabelecimento de ensino que dirige conseguir que 97% dos candidatos ao ensino superior entrar na primeira fase, sendo que 65% destes lograram aceder ao curso identificado como primeira opção, revela-se muito satisfeito com os resultados conseguidos. “Temos metade dos nossos estudantes a frequentar cursos profissionais e a outra metade cursos científico-humanísticos, o que acaba por confirmar a característica heterogénea da nossa população, que se divide entre urbana ou periférica em termos geográficos. Os alunos são livres de escolher. E isso é muito gratificante”. A maior parte dos alunos da Emídio Navarro que optam por seguir o ensino superior têm privilegiado, nos últimos anos, o Instituto Superior Politécnico de Viseu e a Universidade de Aveiro.