Seca obriga à compra de água em megaoperação inédita no país

Novembro 8, 2017 | Economia

A situação de falta de água que o país está a viver, particularmente gravosa nos quatro concelhos do Distrito de Viseu servidos pela barragem de Fagilde (Viseu, Mangualde, Penalva do Castelo e Nelas), levou o Município e Águas de Viseu a tomar uma decisão inédita a nível nacional: comprar água em municípios vizinhos e transporta-lá em camiões-cisterna para os sistemas de abastecimento. Uma iniciativa até agora “inimaginável” como reconhece Almeida Henriques, Presidente da Câmara de Viseu.

Desde a passada segunda-feira, que um total de 27 camiões-cisterna percorrem vários quilômetros, todos os dias, a partir de concelhos vizinhos como Lamego, Tondela e Trancoso, entre outros, carregados de água potável que é injectada na sistemas de abastecimento de água as populações. São 112 cargas de 3 300 m3 cada, para suprir um terço das necessidades actuais. “É a primeira grande operação do gênero, de que há memória, em Portugal”, diz Almeida Henriques.

A operação representa um investimento municipal mensal de cerca de meio milhão de euros e engloba a aquisição e transporte da água. “Na prática, o custo da água adquirido será 10 vezes superior ao valor de venda aos consumidores finais. Ou seja, a partir de agora, por cada litro de água que os munícipes pagam na factura, o município pagará dez”, calcula o autarca viseense.

Para ajudar a minorar as despesas dos municípios envolvidos, o Governo, através do Ministério do Ambiente, já informou que irá disponibilizar uma verba de 250 mil euros.

O investimento que os municípios estão a fazer para garantir água nas torneiras dos cidadãos, face à seca severa que o país atravessa, e que deixou a barragem de Fagilde com 15 por cento do caudal normal, irá prolongar-se no tempo em função das mudanças climatéricas que venham a operar-se, nomeadamente a queda de chuva. Mesmo assim, Almeida Henriques sublinha que vai ser preciso chover bastante e durante um período significativo de tempo para que os níveis da barragem de Fagilde sejam repostos.

O presidente da câmara municipal de Viseu, que juntamente com os autarcas dos restantes municípios afectados tem multiplicado apelos no sentido de poupar água de forma colectiva e concertada, recorda que as medidas tomadas, transitórias, vem confirmar a necessidade de se avançar com as obras de ampliação da capacidade da barragem de Fagilde. E com a construção de uma nova barragem no rio Vouga. “Não iremos desistir destes projectos”, assevera Almeida Henriques.

 

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