Cinco roteiros, 42 entidades aderentes, quase meio milhão de euros de investimento. É a primeira fase da Rota do Vinho do Dão. Um projecto de enoturismo, já no terreno, que promete atrair milhares de turistas. Atrás do néctar de castas nobres, numa rota definida e com parceiros credenciados e com placas de sinalização, o visitante vai poder conhecer produtores e adegas, penetrar vinhedos, e conhecer por dentro uma região singular. “Em qualquer um dos percursos da região, o melhor guia que se pode encontrar é o vinho do Dão. Porque descobrir a natureza ou a obra dos homens é encontrar o mesmo equilíbrio que existe num vinho do Dão. Porque descobrir um tinto ou branco do Dão é encontrar o queijo Serra da Estrela, a maça Bravo de Esmolfe, o cabrito, a doçaria e os enchidos que melhor o acompanham”, relata-se na brochura “Dão, um segredo a descobrir” promovida pela Comissão Vitivinícola Regional do Dão (CVRD).
Lançada esta semana, quase quinze anos depois de uma primeira tentativa, a Rota do Vinho do Dão foi a última a ser criada no país. “Passou-se de um velho sonho ao início da realidade”, afirma o presidente da CVRD, Arlindo Cunha, convencido que, a partir de agora, novos parceiros surgirão apesar das exigências de qualidade que irão manter-se no futuro. “O nível de qualidade imposto é muito alto, mas a Rota está aberta a mais aderentes”, desafia. O responsável realça o “carácter e elegância” dos vinhos do Dão, “conhecidos em todo o Mundo”, e “os recursos com enorme potencial para serem explorados, criando valor económico para a região através do turismo”.
A Rota do Vinho do Dão representa um investimento inicial de 465 mil euros. O projecto foi apoiado pelo Plano Operacional do Centro, sendo que a componente nacional é partilhada pela Comunidade Intermunicipal da Região Dão Lafões e pela CVRD. Na segunda fase, que agora prossegue, é intenção das entidades promotoras, para além da motivação de novos parceiros que enriqueçam e diversifiquem o potencial da Rota, avançar “com apoios a pequenos investimentos nas adegas para se criarem condições de melhor acolhimento aos enoturistas”, anuncia Arlindo Cunha.
O Welcome Center, inaugurado esta semana no Solar do Vinho do Dão, será o Alfa ou o Ómega da região. Será neste local que, antes ou depois de cumprida a rota, os turistas poderão aprofundar os segredos da Região Demarcada do Dão através de consultas, exposições e provas. O espaço está igualmente preparado para a promoção de eventos que irão desde workshops a lançamentos de novos produtos vínicos por parte de produtores e adegas.
O vice-presidente da Câmara de Viseu, Joaquim Seixas, reconheceu a importância da Rota do Vinho Dão para a promoção do turismo regional. “É um projecto de importância capital. Não apenas para a promoção dos vinhos, mas também para a tornar cada vez mais atractiva em termos turísticos”. Confirmar Viseu como uma cidade vinhateira, tem sido o objectivo prosseguido pela autarquia viseense. Um facto ao qual não é alheia, reconheceu Joaquim Seixas, “a boa relação existente com a CVRD”. A tal ponto o vinho e a vinhas são importantes para a autarquia viseense, que, segundo o vice-presidente, está a ser elaborado um estudo de reinterpretação da Mata de Fontelo, de modo a que a mesma possa ligar-se ao Solar do Dão.
O presidente do Turismo de Portugal, Pedro Cotrim, elogiou o lançamento da Rota. E alertou para a qualidade do turismo que à sua volta se está a concentrar. Turistas que consomem mais do que é habitual.
Por sua vez, o presidente do Turismo do Centro, Pedro Machado, realçou o trabalho desenvolvido pelas comunidades intermunicipais na coesão territorial, enfatizando as vantagens dos fundos comunitários Portugal 2020 que, sustenta, poderão ser uma fonte de financiamento à consolidação da oferta turística.
Na sessão de encerramento de um seminário sobre enoturismo, que coincidiu com o lançamento da Rota do Vinho do Dão, o secretário de Estado do Turismo, Adolfo Mesquita, apelou aos agentes que intervêm no sector, para que não desistam de intensificar e a actualizar a oferta. Uma forma de garantir aos turistas “a melhor experiência possível”, e de promover e divulgar as mais-valias da região.