O distrito de Viseu registou, entre Janeiro e Setembro deste ano, um dos mais graves aumentos na taxa de incidência de acções de insolvência, com o encerramento de 140 empresas, o que dá uma média de mais de 15 por dia. Um número que representa, segundo o «Estudo das Insolvências e Constituições de Empresas» em Portugal, elaborado pela Coface, um aumento de 42,9 por cento face ao mesmo período de 2011, ano em que fecharam as portas 98 empresas.
A agravar o aumento dos encerramentos pela via da insolvência, a que não está alheia, segundo alguns observadores, a introdução de portagens nas A24 e A25, o distrito de Viseu sofreu também, até ao final do terceiro trimestre deste ano, uma redução de 18 por cento na constituição de novas empresas. Até Setembro foram constituídas 611, menos 134 que em igual período de 2011.
Os deputados de Viseu do Partido Socialista, Acácio Pinto, José Junqueiro e Elza Pais, já analisaram estes números e concluem que a decisão do Governo em acabar com as isenções nas ex-SCUT que atravessam a região irá “agravar intensamente esta situação, porque contribui para agravar os custos de produção”. Para além das portagens, argumentam ainda, “o IVA máximo nas energias, gás e electricidade, na restauração e em produtos essenciais, bem como o fim de todos os incentivos fiscais às PMEs, revelam-se também arrasadores”.
Em declarações ao «Diário de Viseu», e confrontado com os indicadores “preocupantes” para o distrito, revelados pelo estudo da Coface, o presidente da AIRV – Associação Empresarial da Região de Viseu, João Cotta, não tem dúvidas que em 2013 a situação “será ainda pior se o Orçamento de Estado for aprovado”.
Segundo o dirigente, as empresas do interior que procuram novos mercados, através da exportação, cujos resultados “não são imediatos e levam tempo”, são as mais penalizadas pela falta de financiamento. “O mercado está no litoral e as empresas do distrito de Viseu são as que mais sofrem com os custos acrescidos ditados pelo aumento dos combustíveis e pela introdução de portagens nas ex-SCUT”, conclui João Cotta.
A nível nacional, até ao final do terceiro trimestre deste ano, o aumento das insolvências foi de 31,4 por cento (mais 1.420 empresas) em relação ao mesmo período do ano passado (5.939). Em 2011, o total de atingiu 6.077 empresas.