O concelho de Viseu deu parecer favorável à criação de uma empresa intermunicipal que defina e ponha em execução soluções para o abastecimento de água e o tratamento de águas residuais na região. Da autoria da Câmara de Viseu, a proposta, apresentada pelo presidente Almeida Henriques, deixou claro que, a concretizar-se o projecto, a futura empresa poderá ter acesso a fundos comunitários relevantes para investimentos no sistema de armazenamento, tratamento e distribuição de água que, de outra forma, “muito dificilmente seriam alcançáveis”.
O acesso a fundos comunitários irá viabilizar, num futuro próximo, a construção de uma nova barragem, uma vez que, segundo os municípios envolvidos, a actual barragem de Fagilde poderá deixar de dar resposta dentro de pouco mais de meia dúzia de anos.
Almeida Henriques explicou que a empresa deverá arrancar com um capital social de 40 milhões de euros, cabendo 49,9% ao município de Viseu, e garantiu que está demonstrada a sua “sustentabilidade económica e financeira”. O valor a candidatar a fundos comunitários para obras de construção e estudos tendentes à criação da empresa intermunicipal é de cerca de 60 milhões de euros, comprometendo-se cada um dos concelhos a participar em função da quantidade de água de que será beneficiário.
Levada à Assembleia Municipal de Viseu, a proposta para a constituição da empresa intermunicipal Águas de Viseu (AdV), que agrega ainda Mangualde, Nelas, Penalva do Castelo, Sátão, São Pedro do Sul, Vila Nova de Paiva e Vouzela, registou oito abstenções e um voto contra da deputada da CDU.
Filomena Pires (CDU) justificou o voto contra, considerando que a empresa a criar “não serve nem os interesses dos municípios, nem os dos trabalhadores municipais e muito menos servirá os interesses dos munícipes, por conter os ingredientes que levarão ao aumento do preço da água e do saneamento”.
Os deputados do PS abstiveram-se alegando “o percurso pouco esclarecido do executivo municipal sobre as soluções infra-estruturais e societárias para esta questão fundamental”, declarou Maria de Fátima Lopes.
Por sua vez, Catarina Vieira, deputada do Bloco de Esquerda, defendeu a inclusão de mecanismos que garantam “a permanência da empresa na esfera pública e impossibilitem uma futura privatização”. Almeida Henriques afastou “o papão da privatização”, dizendo que, se fosse essa a intenção do executivo, “não tinha constituído um protocolo” com os outros sete municípios.
Em Setembro de 2017, no salão nobre do antigo Governo Civil de Viseu, oito Municípios, assinaram um protocolo com vista à construção de uma nova barragem (Barragem da Maeira no Rio Vouga, entre Viseu e Vila Nova da Paiva) e reforço da Albufeira de Fagilde, no Rio Dão, para abastecimento de água.