Foi graças ao jogo solidário disputado em Viseu entre Portugal e a Arábia Saudita, que o Aeródromo Gonçalves Lobato viveu uma situação inédita no seu já longo historial: a aterragem e descolagem na sua pista, durante a noite, de um avião da Transportadora Aérea Nacional (TAP). No seu interior viajaram para Lisboa todos os jogadores convocados para representar a selecção nacional e respectiva comitiva. A operação poderá ser a primeira de muitas, numa pista que pode vir a ser, por isso mesmo, “complementar” ao Aeroporto Sá Carneiro, no Porto.
Paulo Soares, director do Aeródromo Gonçalves Lobato, realçou a “estreia inédita” e fez questão de sublinhar que não se tratou de um voo banal. “Este avião não é um avião qualquer. Faz a ponte aérea entre Lisboa e Porto e tem capacidade para 72 passageiros”, declarou ao Porto Canal, satisfeito pelo facto de a operação ter corrido dentro da maior normalidade. “Houve coordenação completa entre todos os intervenientes no voo”, reconheceu.
Após a aterragem e descolagem do primeiro avião da TAP no aeródromo da cidade, o presidente da Câmara de Viseu, Almeida Henriques, reconheceu ter sido este um passo importante para que esta pista se venha a afirmar como complementar ao Aeroporto Sá Carneiro. “Não ouso dizer que estamos perante uma alternativa. Mas do ponto de vista complementar, sim. Temos de ter capacidade para sonhar com os pés assentes na terra. Achamos que o Aeródromo de Viseu, até pela distância a que está do Sá Carneiro, pode ser uma boa solução complementar, nomeadamente em fases de congestionamento, e eventualmente, até no domínio do transporte de mercadorias”, disse ao VR.
As estatísticas confirmam a crescente valorização do Aeródromo Gonçalves Lobato e o crescendo de competências que permitem antever novos «voos» para este equipamento. Tem sido sempre a subir. Em 2014 registou 473 movimentos. Em 2015 esse número passou para 1.537. E em 2016 subiu para 9.119. Já este ano, apenas no primeiro semestre, tinha alcançado 4.914 movimentos, antevendo-se um recorde quando o ano encerrar.
As 294 aeronaves que em 2016 operaram na pista viseense (160 internacionais) foram responsáveis pelo embarque e desembarque de 6.166 passageiros. Este número inclui os que circulam na Companhia Aérea Portuguesa AeroVip, através das ligações regionais entre Bragança e Portimão, com paragens em Vila Real, Viseu e Cascais, em vigor desde Dezembro de 2015.
Atenta ao sucesso crescente do Aeródromo de Viseu, a Câmara Municipal tem vindo a investir também no sentido na sua crescente valorização. O mais recente investimento foi a iluminação e certificação da pista que permite, desde Setembro, a realização de voos nocturnos. “Todos os investimentos que temos vindo a fazer no Aeródromo têm um objectivo: torná-lo cada vez mais importante para a economia, não só de Viseu, mas de toda a região”.
Consequência directa dos investimentos realizados, são as múltiplas operações que actualmente se realizam no Aeródromo Municipal, “Hoje temos as carreiras aéreas, um facto já confirmado, que nos permitem atingir cerca de mil movimentos por mês”, sublinha Almeida Henriques, para quem a descolagem a aterragem do avião da TAP com capacidade até 70 passageiros, apenas veio confirmar “que o nosso aeródromo está hoje preparado para receber este tipo de voos”.
O autarca viseense considera que este feito inédito poderá também servir para mostrar a outros operadores que o Aeródromo de Viseu tem uma capacidade instalada receber aviões com esta envergadura. “O que nos permite, de alguma maneira, começar a equacionar uma situação que até agora não acontecia: podermos, eventualmente, fazer um ou outro voo directo para aqui. Isto não quer dizer que vamos criar uma expectativa excessiva. Para já, cumpre-nos realçar que a paragem da TAP em Viseu foi uma operação de sucesso.
A par do movimento de passageiros no Gonçalves Lobato, o presidente da Câmara de Viseu salienta a importância crescente deste equipamento no âmbito da Protecção Civil. “Somos um dos mais importantes espaços do país nesta área, como começamos a ter também alguma importância do ponto de vista dos voos normais, que poderá vir a ter relevância na área das mercadorias”, conclui Almeida Henriques.