A CIM Viseu Dão Lafões acaba de apresentar, no âmbito do Programa «Valorizar», uma candidatura que tem como objectivo a recuperação ambiental, turística e social de 11 aldeias da Serra do Caramulo. O montante candidatado é de 1,833 milhões de euros e terá uma comparticipação de 85 por cento. As aldeias abrangidas fazem parte dos concelhos de Tondela, Vouzela e Oliveira de Frades. Os autarcas destes municípios consideram que a sua aprovação é “um imperativo” legítimo, face à qualidade, simbolismo e significado do projecto. Tanto mais que irá incidir sobre aglomerados populacionais que viveram em Outubro de 2017, o drama dos incêndios florestais.
O projecto apela ao envolvimento das populações, agentes e produtos locais. O conceito que subjaz à candidatura, aponta para a criação de uma rede de aldeias serranas com identidade e características distintivas que sirvam de base para a criação de programas turísticos, essencialmente nas vertentes de walking e cycling; garantir o envolvimento da população desde a fase inicial, e utilização dos recursos e serviços turísticos existentes; e terá uma forte componente de capacitação e estímulo ao investimento privado.
A intervenção será materializada pela valorização das 11 aldeias âncora identificadas, desde telhados e sinalética; e a valorização de 12 aldeias complementares. O projecto será activado através de vários eventos, que inclui, entre outros, a produção de um guia turístico e a organização de oficinas. Tudo subordinado a uma estratégia que aponta para a criação de produtos turísticos, de uma rota pedestre e de circuitos clicáveis de ligação entre ecopistas. As acções enunciadas, de “carácter imediato”, abrirão caminho, segundo os promotores, a acções de mais longo prazo.
“É um projecto inovador, que tem potencial atrair mais gente a este território”, sublinha Paulo Ferreira, presidente do Município de Oliveira de Frades. Este entendimento é partilhado por José António Jesus, presidente da Câmara de Tondela, que destaca o facto de estarmos “perante um projecto com uma visão integrada do território e que, acima de tudo, vai potenciar os recursos locais, alavancando outras áreas de promoção”. E acrescenta: “É um projecto ambicioso e estruturado. Importa, agora, que haja vontade política para a sua aprovação”, conclui.
Rui Ladeira, presidente da Câmara de Vouzela, recorda que os incêndios de Outubro afectaram mais de 70 aldeias deste concelho, 20 das quais ficaram marcadas pela destruição da respectiva identidade e de habitações permanentes. “Com este projecto inovador, as pessoas podem voltar às suas aldeias e criar áreas de negócio. É fundamental, estruturante e respeita a identidade dos cidadãos locais”.
Pedro Machado, presidente do Turismo Centro de Portugal, manifestou “total cumplicidade” com esta candidatura. “Este projecto tem, em primeira instância, uma componente valorativa de marcas e conceitos: serra, aldeias, natureza e turismo responsável. O país não pode virar as costas a esta candidatura”, avisou.
Os autarcas reclamam a aprovação da candidatura no prazo máximo de três meses, para que a sua aplicação no terreno possa estar concluída no prazo de dois anos.