Por: Silvino Cardoso
Depois de muitas épocas fora das grandes lides do futebol nacional, o Académico de Viseu acaba de concretizar o regresso às competições profissionais. A persistência do presidente António Albino, e a reviravolta na estruturação do plantel operada pelo técnico Filipe Moreira, que rendeu Carlos Agostinho no comando técnico da equipa, foram determinantes para o feito há muito perseguido por dirigentes, adeptos e simpatizantes do Clube.
Quando há um ano regressou à 2.ª Divisão Nacional, o Académico de Viseu partiu com fundadas esperanças de poder vir a ser o vencedor. Uma ambição legítima que não se traduziu, contudo, nos resultados inicialmente conseguidos. A equipa, então treinado por Carlos Agostinho até entrou mal na prova, começando por empatar em casa com o FC Cesarense. Seguiu-se o Lusitânia, também no Fontelo, e venceu por 4-1. No entanto tinha ficado para trás a segunda jornada na qual tinha de ir aos Açores defrontar o Operário, o que veio a acontecer posteriormente porque o mau tempo a isso obrigou, tendo sido goleado por 4-0.
Seguiu-se a AD Nogueirense e o Académico perde por 1-0. Os adeptos começaram a ficar insatisfeitos. No entanto, Carlos Agostinho viu a sua equipa vencer em casa o FC Pampilhosa por 3-1, empatar no domingo seguinte em Castelo Branco e vencer depois o Sousense. A igualdade, sem golos, dos academistas em Bustelo, constituiu o último jogo do técnico Carlos Agostinho que chegou a acordo com a Direcção do Académico para a sua rescisão. Foi então contratado Filipe Moreira, um treinador que tinha, entretanto, sido despedido pela direcção do Covilhã.
A era de Filipe Moreira começou com uma enorme reestruturação no plantel do clube. Depois de ter vencido em casa o Tourizense por 2-0, aquele conhecido técnico em conjunto com a Direcção, procedeu à dispensa dos jogadores que não podiam treinar duas vezes por dia. Houve polémicas entre os sócios e adeptos com a saída de alguns atletas que eram referência academista. Entretanto, chegaram outros jogadores que militavam em clubes com maior experiência no futebol nacional. Uma situação que se prolongaria no tempo.
O segundo jogo sob as ordens de Filipe Moreira saldou-se por uma derrota em Cinfães e o Académico ficou então nessa altura com sete pontos de atraso em relação ao líder. Foi a maior desvantagem academista até então. Contudo, gradualmente, a equipa foi estabilizando, com jogadores e equipa técnica concentrados no seu trabalho e alheios às críticas que iam de fora para dentro.
Com avanços e recuos, a verdade é que o Académico chegou à 24.ª jornada com cinco pontos de atraso do Cinfães. Foi então que arrancou a perseguição ao primeiro lugar. Curiosamente, num jogo em que o Académico de Viseu foi muito maltratado em Touriz, onde perdeu frente ao conjunto da casa. Parecia que estava tudo perdido. Só que na 27.ª jornada, finalmente, o Académico passa a ser o líder, o que aconteceu pela primeira vez no campeonato. Os comandados de Filipe Moreira derrotaram o Cinfães de forma concludente no Fontelo passando, pela primeira vez, para o comando da prova.
Depois da vitória em Coimbrões, onde os viseenses mostraram os galões de grande candidato à subida, seguiu-se o surpreendente empate no Fontelo, frente ao Tocha, enquanto que os cinfanenses são derrotados de forma concludente em Anadia e o Académico aumenta para três pontos a vantagem sobre o segundo, o Cinfães, mas fica com o Sporting de Espinho que derrotou em casa a AD Nogueirense, a três pontos. Na 28.ª jornada, praticamente decisiva para o Académico, este obteve outra grande vitória contra os “tigres” da Costa Verde, deixando-os fora da corrida para a subida.