“Em Viseu, comboio é memória, história e saudade”. Foi este o mote que levou o grupo de teatro «Ritual Domingo» a produzir uma peça que vai circular, não só pelas localidades confinantes com as antigas estações de Farminhão, Torredeita e Figueiró, mas também por outras cidades e localidades portuguesas. O título é poético e apelativo: «O Meu Amor Virá de Comboio». Com encenação e dramaturgia de Sónia Barbosa e produção de Cristóvão Cunha, o espectáculo tem estreia marcada para o dia 20 deste mês de Novembro na Sala Estúdio da Incubadora do Centro Histórico de Viseu.
O projecto baseou-se, segundo o «Ritual Domingo», em histórias contadas e recolhidas precisamente nas localidades de Figueiró, Farminhão e Torredeita, junto de autarcas, de quem trabalhou e lidou com os comboios, de pessoas que neles viajaram, e na literatura relacionada com essas viagens. À boleia de um modelo de comboio à escala, a peça de teatro convida “à descoberta da Linha do Dão, um fio de memória que desvenda uma história de amor. Que também é um poema dedicado ao caminho-de-ferro”.
Dirigido ao público em geral, familiar e infanto-juvenil, o espectáculo teatral “é um mergulho na magia dos comboios”, sublinhou Cristóvão Cunha, na apresentação do projecto aos jornalistas. Para quem “há toda uma memória à volta dos comboios” que o «Ritual Domingo» entendeu ser “importante investigar”, até para “deixar marcas para o futuro”.
A estreia de «O Meu Amor Virá de Comboio», às 14,30 horas do dia 20, é dedicada às escolas. Ainda na Sala Estúdio irão decorrer os espectáculos dos dias 21 e 22 (10,30 e 14,30), dirigido a escolas e instituições; e dos dias 23 (sábado às 16,30 e 21,30) e 24 (domingo às 11 horas) para todo o público. As apresentações em Figueiró (14,30 na Escola Primária), Farminhão (Clube) e Torredeita (Clube), às 21,00 horas, estão marcadas para os dias 5, 6 e 7 de Dezembro, respectivamente.
“Viseu (ainda) pode ser uma cidade de comboios”. Assim o entende o produtor da peça. Jorge Sobrado, vereador da Cultura da Câmara Municipal de Viseu, que se congratula com a “descentralização deste projecto” financiado pelo programa «Viseu Cultura», tem a mesma convicção. “À sua dimensão, Viseu é a única cidade da Europa que não tem comboios. E se esta peça contribuir para manter vivo o sonho do regresso, vem apenas confirmar que a arte é sempre, e em certa medida, um acto político. E neste caso será um bom acto político”, conclui Jorge Sobrado.
O vereador da Cultura reconhece também que são projectos como este que justificam o lançamento do programa «Viseu Cultura». Porque abre a janela a novas criações culturais e artísticas. E que, como neste caso, salvaguardam também um património e uma memória que é colectiva”.