Aquela que à partida se adivinhava como a “mais pobre” de todas as programações no Teatro Viriato, acabou por transformar-se “na melhor de que há memória em 14 anos de existência” deste espaço cultural. Tudo graças à entrada de 96 mil euros nos cofres da instituição, dinheiro devido pelo QREN desde 2009, decorrente de uma candidatura a financiamentos comunitários relativa a um projecto de programação em rede (5 Sentidos).
Com este «balão de oxigénio», que deu para pagar algumas dívidas à banca, “podemos, finalmente, devolver à cidade uma ampla carteira de propostas e um movimento intenso”, congratula-se o director do Teatro Viriato, que classifica como “luminosa” a programação que vai decorrer entre 14 de Setembro e 15 de Dezembro. Que inclui, pela primeira vez, uma mostra de dança que, em Novembro, vai trazer a Viseu as mais recentes criações de coreógrafos nacionais com projecção internacional. “Raramente conseguimos um equilíbrio tão grande na qualidade das propostas, que é nivelada por cima, independentemente do espaço de apresentação”, reconhece Paulo Ribeiro.
«New Age New Time», assim é identificada a mostra de dança que, durante três dias (15 a 17 de Novembro), marca encontro entre os coreógrafos e intérpretes portugueses com o público de Viseu, sobretudo com um público interessado na dança contemporânea. Cláudia Dias com «Vontade de ter Vontade»; Luís Guerra com «A primeira dança de Urizen»; António Cabrita e São Castro, com «Wasteland»; Tânia Carvalho, com «Danza Ricercata» e «27 Ossos»; Marlene Freitas, com «Guintche»; e Sofia Dias e Vítor Roriz, com «Um gesto que não passa de uma ameaça», são as sete sessões a que será possível assistir com um bilhete único de 20 euros ou, em alternativa, com um bilhete de 5 euros por sessão.
A nova temporada do Teatro Viriato abre com uma oportunidade única para ver, pela primeira vez em Portugal, uma companhia que tem estado na vanguarda do novo circo, reinventando o conceito de malabarismo enquanto disciplina artística: «Smashed» (14 e 15 de Setembro), um espectáculo inspirado propositadamente no universo de Pina Bausch e que rompe com as convenções de manipulação de objectos. No mesmo fim de semana abre ao público a exposição «Todos os fantasmas usam botas pretas», produzida pelo Teatro Nacional de São João.
Norberto Lobo (6 de Outubro), versado em várias guitarras, com particular dedicação à acústica; «Atlas» (12 a 14 de Outubro), uma obra de Ana Borralho e João Galante que reúne em palco 100 pessoas de Viseu de diferentes profissões; «A(s) Boda(s)» (26 e 27 de Outubro), espectáculo de teatro com encenação de Bruno Bravo; o espectáculo musical «L´Art Brut», que marca o regresso dos «Wraygunn» aos discos (22 de Novembro); «JIM» (título provisório), uma nova coreografia de Paulo Ribeiro “inspirada pelos poetas e músicos malditos que foram consumidos, prematuramente, pela sua arte (30 de Novembro e 1 de Dezembro); e «Dança da Morte» (14 e 15 de Dezembro) com encenação de Marco Martins, uma peça de teatro com texto centrado na obra de August Strindeberg, são alguns dos destaques de “uma programação que terá um «focus» especial na fruição em família”.
ANTIGAS INSTALAÇÕES DA APROGEL
VIRAM NOVO ESPAÇO CULTURAL
As antigas instalações da Aprogel, localizadas paredes meias com o Teatro Viriato, Secundária Emídio Navarro, e «Lugar Presente», vão ser transformadas num novo equipamento cultural. O projecto, segundo Paulo Ribeiro, passa pelo aproveitamento do espaço, depois de recuperado pela Câmara Municipal, que adquiriu o imóvel, para ali dinamizar actividades como a dança e pequenos espectáculos. Com mais esta recuperação, “estamos a um passo de concretizar algo importante e inédito, que nos permitirá, através de um complexo cultural único no país, ter um nome e um missão”, explica o director do Teatro Viriato.
Paulo Ribeiro congratula-se “com mais esta recuperação” de um imóvel para fins culturais, a exemplo do que sucedeu já com o próprio Teatro Viriato e o «Lugar Presente”, adiantando que se trata de um espaço “com muitas potencialidades”, nomeadamente para a dinamização de pequenos espectáculos e do ensino profissional da dança, que passará em ter em Viseu “um pólo muito forte de formação e captação de novos talentos”, conclui o responsável.