No Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, e na sequência de um diálogo regular que decorre desde o último trimestre de 2017 com a Direção-Geral do Património Cultural, a Câmara Municipal de Viseu assumiu o compromisso de constituir na Casa do Miradouro um Polo Arqueológico, no qual funcionará uma Reserva Arqueológica Municipal. “Este centro deverá estar organizado, regulamentado e reconhecido até ao final de Março de 2019”, confirma o presidente da Autarquia, Almeida Henriques, para quem este desfecho “permitirá restituir à Casa do Miradouro à sua vocação histórica, destinando-a integralmente para fins culturais”.
Para o vereador da Cultura e Património, Jorge Sobrado, “o Pólo Arqueológico é um desafio irresistível numa cidade histórica tão relevante como Viseu. E terá funções estruturantes na política patrimonial da cidade.” Nomeadamente na reunião dos valores arqueológicos do concelho que se encontram atualmente muito dispersos, e na promoção da sua salvaguarda, gestão, investigação, e valorização da oferta cultural e turística”.
Segundo o mesmo responsável, o centro vai ser desenvolvido através de um núcleo museológico, onde será residente a Coleção Arqueológica José Coelho; a Reserva Arqueológica Municipal, com tarefas de conservação, inventário e disponibilização de espólios; um Centro de Documentação e Biblioteca Especializada; um gabinete de apoio à investigação; e um Serviço Educativo Patrimonial.
No último mês foi organizado um depósito arqueológico temporário, autorizado pelo Ministério da Cultura, que permitiu receber, em Março passado, 94 contentores de material arqueológico resultante de investigações realizadas desde o final dos anos 80 até à primeira década deste século. “É, por si só, uma conquista importante”, sublinhou Jorge Sobrado, destacando que a partir deste momento “o Município adquire experiência prática de gestão de património arqueológico”.
No conjunto de material recebido no depósito da Coleção Arqueológica José Coelho estão achados resultantes de intervenções arqueológicas no concelho de Viseu das épocas pré-romana (Idade do Ferro), romana, medieval e moderna. Nesse âmbito, consta o espólio das intervenções promovidas por João Inês Vaz a partir dos finais dos anos 80, nomeadamente nas escavações no Centro Histórico e no Castro de Santa Luzia. Parte deste material será estudado nos próximos meses por uma investigadora/doutoranda da Universidade Nova de Lisboa.
Em Abril último, o Município de Viseu adquiriu um espólio particular do arqueólogo José Coelho, entretanto descoberto e atualmente a ser inventariado e estudado na Coleção Arqueológica José Coelho. Nesse acervo, destacam-se quatro publicações inéditas do “arqueólogo-fundador” de Viseu, três cadernos de notas arqueológicas não conhecidos, desenhos técnicos originais do autor, manuscritos do século XVIII e abundante correspondência e documentação.