Lápide de guerreiro com 2 mil anos descoberta no antigo Orfeão de Viseu

Abril 17, 2021 | Cultura

Uma lápide romana epigrafada, com a representação de um guerreiro, foi identificada durante os trabalhos de acompanhamento arqueológico das obras de reabilitação do antigo edifício do Orfeão, iniciadas há cerca de 1 mês. “Trata-se de uma descoberta da maior importância, que vamos agora estudar em profundidade, e que comprova o enorme valor histórico e arqueológico da cidade de Viseu”, afirma Conceição Azevedo, Presidente da autarquia.

A peça estava reaproveitada na parede de uma antiga casa, datada de finais do século XIX, e foi identificada durante a primeira fase dos trabalhos arqueológicos realizados pela empresa EON, especializada em Património e Arqueologia, no logradouro do Antigo Orfeão. A lápide já foi removida e transportada para o Pólo Arqueológico de Viseu. Todos os trabalhos contaram com o acompanhamento da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC)

“Apesar de a peça não estar completa, a primeira avaliação aponta para que se trate de um dos maiores achados que se fizeram em Viseu nos últimos anos e uma descoberta relevante no contexto nacional. Estamos muito entusiasmados com este achado”, confessa Fernando Marques, vereador do Património, Turismo e Marketing Territorial da Câmara Municipal de Viseu.

A personagem que se encontra representada ostenta um escudo redondo e segura numa das mãos um punhal, tendo uma inscrição com caracteres latinos na extremidade inferior. Este achado, conjugado com os vestígios arqueológicos do povoado de Vissaium que foram identificados recentemente no Largo da Misericórdia, vem comprovar a importância que este povoado da Idade do Ferro assumiu na região. Importância que terá sido reconhecida pelos Romanos a partir do final do séc. I a.C., quando se constrói a cidade romana.

A descoberta surge na sequência da intervenção que a autarquia viseense está a levar a cabo no antigo edifício do Orfeão de Viseu, um investimento superior a 1,2 milhões de euros, que permitirá recuperar e devolver à Cidade-Jardim um património histórico inigualável.

O objetivo da autarquia viseense é “vocacionar este equipamento para atividades pedagógicas no âmbito do programa VISEU EDUCA”. Este projeto será essencialmente desenvolvido na área de ampliação posterior, onde funcionará a “Universidade Sénior de Rotary Club de Viseu”, bem como o apoio pedagógico a jovens de famílias carenciadas, com o intuito de proporcionar condições mais favoráveis ao seu sucesso escolar.

O “extraordinário achado” será agora alvo de um estudo aprofundado, a cargo dos professores Pedro C. Carvalho e Armando Redentor, da Universidade de Coimbra. “Nos últimos anos, nas funções que ocupei enquanto Gestor do Centro Histórico, percebi a riqueza que o nosso concelho ali tem. Por isso mesmo, a autarquia e todos os agentes envolvidos, têm sido rigorosos com o que ali se faz. Este trabalho está a permitir-nos preservar um património riquíssimo, devolvendo-o aos viseenses”, remata Fernando Marques

 

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