«Dever de Memória – da Infâmia à Esperança» é o nome da exposição fotográfica inaugurada na Quinta da Cruz, em Viseu, na noite de 15 de outubro, quando se cumpriu exatamente um ano sobre a tragédia dos incêndios que vitimou 18 pessoas no distrito de Viseu e 49 na região Centro, para além de dizimar largas centenas de habitações (1.483 na região Centro), empresas (516) e largas dezenas de milhar de hectares de floresta.
A mostra tem como autores os fotojornalistas Adriano Miranda (Público) e Nuno André Ferreira (Correio da Manhã e Agência Lusa) e promotor o Município de Viseu, com organização do Vereador da Cultura, Jorge Sobrado.
A inauguração contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e do Presidente da Câmara Municipal de Viseu, Almeida Henriques. Falando para uma plateia de centenas de pessoas que se associaram à inauguração, o Chefe de Estado lembrou, mais uma vez, que o país “não esquece as lições do passado. Nós não esqueceremos. Não é possível esquecer. Queremos olhar para o futuro, queremos um futuro melhor, e esse futuro já começou a ser construído”, concluiu.
Enfatizando o tema da exposição, Marcelo Rebelo de Sousa, fez questão de sublinhar que “há o dever da memória, mas também a certeza da esperança e da vitória no futuro”.
“Este projeto – espécie de roteiro fotográfico entre a irreparável noite de 15 de outubro de 2017 e os últimos dias do verão de 2018, na região de Viseu – nasce de um imperativo ético que renasce em todas as tragédias: o dever de memória”, explica Jorge Sobrado, salientando que “no desenvolvimento desta espécie de memorial animou-nos uma mesma dupla motivação original: a de recusar o esquecimento sobre a infâmia das irreparáveis e incompreensíveis perdas humanas e das suas cicatrizes; a de partir à descoberta de um território de reconstrução e de esperança”.
Exposição e catálogo, com 79 e 127 imagens respetivamente, fazem uma viagem do inferno da noite de 15 e do dia de 16 de outubro de 2017 até aos últimos dias do verão de 2018 na região, testemunhando através dos olhares pessoais dos seus autores a ‘infâmia’ da tragédia humana e natural, mas também a ‘esperança’ suscitada pela recuperação, reconstrução e renascimento, ainda que lentas e desiguais.
A solidariedade e a sensibilização para as causas da defesa do Interior e da floresta estão entre os principais motivos da exposição. A venda do catálogo reverterá integralmente para os Bombeiros Voluntários de Viseu.
Para além dos repórteres, foram convidados a participar jornalistas que acompanharam «por dentro» a mais longa noite de fogo, morte e destruição de que há memória na região ou os dias imediatamente seguintes, no rescaldo dos incêndios e no levantamento das perdas humanas e materiais. São eles Patrícia Carvalho, Luís Oliveira, Paulo Moura, Sandra Ferreira e Tiago Vergílio Pereira.
A exposição fica patente até 31 de dezembro de 2018.