Declarar as “Vozes de Manhouce” como Património Cultural Imaterial da Humanidade é o desígnio de uma candidatura que deverá ser apresentada à UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) dentro de dois anos. A exemplo do que sucedeu com o Cante Alentejano, os mentores deste projecto pretendem que, desta forma, sejam mundialmente reconhecidos os atributos únicos da polifonia feminina característica do centro/norte de Portugal.
O primeiro passo para a formalização da candidatura, processo liderado pela Câmara Municipal de S. Pedro do Sul, foi dado, no início do mês, através da assinatura de um protocolo que envolveu, para além dos “Cantares de Manhouce” – um dos mais conhecidos exemplos da polifonia feminina do país -, outros grupos como os “Cramol”, “Segue-me à Capela” e “Sopa de Pedra”.
O município de S. Pedro do Sul começou, há dois anos, a alimentar o sonho de avançar com uma candidatura à UNESCO que salvaguarde a polifonia feminina, que tem no seu concelho, na região de Lafões, uma das mais significativas representações a nível nacional. Uma região que tem em Isabel Silvestre, vocalista do Grupo Cantares de Manhouce -, voz maior das vozes femininas da serra -, uma das suas mais emblemáticas representantes.
O processo de formalização da candidatura será precedido, no decurso do próximo ano, de um intenso trabalho de investigação desenvolvido no âmbito do projecto “Práticas musicais, contextos de memória e detentores da tradição: levantamento do património imaterial no concelho de S. Pedro do Sul”. O processo irá desenrolar-se em ligação estreita com a Universidade de Aveiro e o Museu Nacional de Etnologia, explica o autarca de S. Pedro do Sul, Vítor Figueiredo. O trabalho de investigação permitirá, no terreno, reunir toda a documentação relevante para identificar o perfil da polifonia feminina no país.
Feito o levantamento que irá sustentar a predominância das vozes femininas nos cantares de Lafões, de S. Pedro do Sul e de muitas aldeias e lugares do centro norte do país, o material recolhido será inscrito no arquivo nacional dos bens imateriais. Só então estarão criadas todas as condições, refere o município de S. Pedro do Sul, para que possa avançar a formalização da candidatura da polifonia feminina a património imaterial da humanidade.