Por: Carlos Vieira e Castro
De 1 a 21 de Abril, decorrem, em seis espaços da cidade de Viseu – Teatro Viriato (TV), Aula Magna do IPV (IPV), Museu Nacional Grão Vasco (MNGV), Pavilhão Multiusos (PM), Igreja da Misericórdia (IM) e Igreja Nova (IN), – o 16º Festival Internacional de Música da Primavera, organizado pela PROVISEU, associação para a promoção de Viseu e região, proprietária do Conservatório Regional de Música Dr. José de Azeredo Perdigão.
José Carlos Sousa, director artístico desta iniciativa que já colocou Viseu no roteiro mundial dos festivais de música erudita, em conferência de imprensa, no passado dia 21, fez notar que alguns dos vencedores do Concurso Internacional de Piano de Viseu já venceram alguns dos melhores concursos internacionais de piano, como foi o caso do canadiano Bruce (Xiaoyu) Liu, que venceu o Concurso de Viseu, em 2019 e também foi o vencedor do Concurso Internacional de Piano Frédéric Chopin, em Varsóvia, em 2021; ou Illia Ovcharenko que venceu o Concurso de Viseu, há dois anos, e ganhou no ano passado o Concurso Internacional de Piano de Honens, Canadá. Este ucraniano, que já venceu mais de 20 concursos internacionais de piano, dará um recital, este ano, no MNGV, no dia 12, pelas 19 horas, transmitido pela Antena 2. A final do 3º Concurso Internacional de Piano de Viseu ocorrerá no dia 8, pelas 21h., no TV.
O Festival arrancou no dia 1, com o tradicional Concerto da Primavera, pelos professores do Conservatório de Viseu, no IPV, pelas 21horas. No dia 2, foi a vez do Concerto de Laureados do 14º Concurso de Instrumentistas do Conservatório, no IPV, 15h/17h. No dia 4, no TV, pelas 21 h., subiu ao palco “Volver, Paraísos Perdidos”, de Ismail Parra (violino) e Maria Gabriela Quel (piano), com coreografia e dança de Agustiba Fitzsimons. Trata-se de uma criação original para piano e dança, inspirada no tango de Gardel, evocativo da nostalgia, do desejo e do medo de voltar ao passado, com obras de Ginastera, Piazzolla e Beytelmann. Dia 5, no TV, às 21 h., o multipremiado em competições internacionais Duo de Piano “Yadaïn” (“as duas mãos”, em hebreu e árabe) de Joseph Birnbaum e Dina Bensaïd, traz-nos uma mensagem de diálogo e de respeito entre as culturas judaica e islâmica, com obras de Gershwin, Barber e Dvorják. Dia 6, no TV, 21h., uma estreia de obras co-encomendadas a compositores portugueses, música de câmara contemporânea com electrónica, pelo Sond’ar-te Trio. No dia seguinte, pelas 19h, na IN, o Quarteto Camões (de cordas) interpreta “Sete Últimas Palavras de Cristo na Cruz”, de Haydn, com narração de Mário João Neves. Dia 11, a Antena 2 transmitirá em directo do MNGV, pelas 19h., “Du Côté de Chez Proust”, recital de Viola e Piano no centenário da morte de Proust, por João Pedro Delgado e Hélder Marques; e, pelas 21 h., o Trio Gaon (Koreia e EUA), multipremiado internacionalmente, tocará obras de Debussy, Jean Françaix e Ravel. No dia 12, no MNGV, a seguir ao recital de Ovcharenko, acontecerá, pelas 21 h., mais uma estreia: a obra “TO_mbeau(2023, primeira parte) de Carlos Lopes, pelos “Ars ad Hoc” que tocarão também “Atropos” [2022], de João Moreira, e ainda obras de Schubert e Stravinsky (Suite nº 2 de Petrouchka, numa estreia absoluta do arranjo para quinteto flauta, clarinete, violino, violoncelo e piano). No dia 13, no IPV, pelas 21h, FIL’MUS2, filme (e não só) musicado ao vivo por Miguel Cardoso, Rodrigo Neves, Nuno Silva, André Cardoso e Rui Lúcio. O sucesso de Fil’Mus, de 2010, augura um espectáculo excelente e divertido para públicos de todas as idades. No dia seguinte, sexta, no MNGV, pelas 21h., Música Portuguesa Para Guitarra: obras de Fernando Lapa, compositor fundamental da música contemporânea em Portugal, nas últimas três décadas. Sábado, 15, pelas 19h., no IPV, a Banda Sinfónica Portuguesa, dirigida por Jordi Francês, tocará “Reminiscências Sinfónicas Portuguesas”, com a participação de Carlos Ferreira, clarinetista principal da Orquestra Nacional de França. E no Domingo, pelas 17h., no PM, teremos uma Gala de Ópera pela Orquestra Filarmonia das Beiras, dirigida por António Vassalo, com o tenor Carlos Guilherme, a soprano Isabel Alcobia, o baixo Nuno Dias e a mezzo-soprano Rafaela Veiga que cantarão áreas famosas do repertório operático.
No dia 19, na IM, pelas 21h., os guitarristas Alejandro García (1ª parte), com mais de 40 prémios internacionais, incluíndo o de vencedor do Concurso Internacional de Guitarra de Viseu, em 2022, e Manuel Toucinho (2ª parte), com vinte prémios nacionais e internacionais, interpretarão obras de J.S. Bach, Albéniz e Regondi. No dia 20, pelas 21h., subirá ao palco do TV “A Laugh to Cry”, ópera multimédia do poeta e compositor, Miguel Azguime, uma reflexão actualíssima sobre a destruição da memória, a devastação da Terra, a guerra e o colapso da humanidade, pelo Sond’Ar-te Electric Ensemble (sete instrumentistas, três cantores e dois narradores), dirigido por Pedro Neves.
O encerramento desta 16ª edição do Festival Internacional de Música da Primavera de Viseu fica a cargo da Orquestra XXI, que reúne músicos portugueses residentes no estrangeiro, dirigidos por Dinis Sousa, com Jonathan Harvey e Mozart no programa. No IPV, pelas 21 horas.
Os bilhetes, a preços acessíveis de 2,50 €, excepto os concertos de orquestras que serão de 5 €, estão à venda no “site” do Festival, no Conservatório ou, uma hora e meia antes dos espectáculos, nos respectivos locais.
Estiveram também presentes na Conferência de Imprensa o presidente da Proviseu, António Raínho, que realçou o papel da Cultura no desenvolvimento regional, e a vereadora da Cultura na Câmara Municipal de Viseu, Leonor Barata, que considerou que o esforço do município no apoio a este “evento âncora” tem “uma retribuição imediata”, dado ser um motor de desenvolvimento económico, como reconhecem as empresas e instituições que também o financiam enquanto mecenas. Enfatizou ainda a importância dos concertos pedagógicos na divulgação da música clássica a públicos com menos oportunidades de acesso, uma vez que “não se pode gostar do que não se conhece.”