Dos cinco tribunais que no país foram poupados a um encerramento inicialmente previsto na reforma judiciária, dois são no distrito de Viseu: em Nelas e Sátão, os concelhos que conseguiram fazer valer os seus argumentos, sendo assim retirados da lista da proposta final do Ministério da Justiça, a par de Valpaços, Almodôvar e Vila Nova de Foz Côa. O mesmo não acontece em relação aos tribunais de Armamar, Castro Daire, Resende e Tabuaço, cuja decisão de encerramento se mantém.
Para o presidente da Câmara Municipal de Sátão, Alexandre Vaz, “foi feita justiça, depois de muita luta, com responsabilidade, direito e dever em defender os superiores interesses do concelho”, reconhece, sublinhando que, além de não encerrar, o Tribunal de Sátão ainda vai receber um reforço, tendo na sua alçada os concelhos de Penalva do Castelo e de Vila Nova de Paiva. É uma vitória de todos satenses”, conclui.
Isaura Pedro, presidente da Câmara Municipal de Nelas, congratula-se com a decisão, uma vez que a versão anterior da organização judiciária continha “erros em relação aos recursos humanos”. Um argumento apresentado nas sucessivas reuniões mantidas com a tutela, a que acresce o facto de Nelas ser um concelho “muito industrializado, e onde o acesso à justiça constituiu um factor de competitividade para as empresas”. Para além de não encerrar, o Tribunal de Nelas passa a abranger também o concelho de Carregal do Sal.
Segundo o projecto de decreto-lei Regime de Organização e Funcionamento dos Tribunais Judiciais, a diminuição de 54 para 49 tribunais a extinguir, surge na sequência de um processo de audições, consultas públicas e características das comarcas, que termina a 31 de Outubro. Na actual proposta estão estão previstas secções de competência genérica para Cinfães, Lamego, Mangualde, Moimenta da Beira, Nelas, Santa Comba Dão, São Pedro do Sul, Sátão, Tondela e Viseu, e ainda secções de proximidade para Oliveira de Frades, S. João da Pesqueira e Vouzela.
Em Castro Daire, onde a luta pela manutenção do Tribunal tem mobilizado a Câmara, populações e a própria Ordem dos Advogados, o presidente da autarquia, Fernando Carneiro denuncia “interesses partidários” na decisão de encerrar aquele serviço, e garante que “não vai baixar os braços”.