Paira uma forte incerteza sobre a realização da edição deste ano da Feira de São Mateus. Uma situação tanto mais gravosa, quando se trata de um evento cuja realização começou a ser preparada no ano transacto, estando inclusive acertados muitos contratos com artistas de todo o país. O problema, pois que de um problema se trata, fica a dever-se, em primeira instância, à pandemia da COVID-19, que lançou a incerteza e o caos sobre centenas de eventos a nível nacional. A Feira de São Mateus é um deles. No entanto, os problemas poderiam ser minimizados, defendem a uma só voz a Câmara de Viseu e a Viseu Marca, se houvesse da parte do Governo mais diálogo com as autarquias.
Na última reunião do executivo da Câmara Municipal de Viseu, realizada hoje, quinta-feira, o vereador da Cultura, também director da Viseu Marca (a entidade que organiza o evento) e gestor da Feira de São Mateus, lamentou a “ausência de diálogo” do Governo com os municípios sobre a retoma das actividades culturais, em particular dos grandes eventos públicos. Num misto de “incompreensão e indignação”, Jorge Sobrado lamentou que esta importante área da cultura nacional, afectada sobremaneira pela COVID-19, não seja discutida, debatida e amadurecida com o poder central.
“Que o silêncio dê lugar a um diálogo. No mínimo a uma auscultação”, alvitrou o vereador da cultura viseense, para quem os municípios “podem ser a parte pequena da despesa pública, mas são a parte grande, de leão, do investimento cultural e da animação turística dos territórios”.
Sobrado recordou o que está em jogo face à incerteza reinante. E o que está em causa, garante, “não implica e afecta apenas os grandes produtores dos festivais de Lisboa e Porto, mas também muitas estruturas, produtores, artistas, técnicos e pequenos empresários que trabalham em grandes eventos de outras cidades, como a Feira de São Mateus que, durante várias semanas de verão anima Viseu”, alertou.
Para o director da Viseu Marca, os municípios “não podem ser ostracizados nesse debate, e não podem ser os últimos a saber”. Mais: “não podem servir apenas para pagar facturas que caberiam ao Estado central”, avisa Jorge Sobrado, esperando que estes municípios sejam tratados “em plano de igualdade”, com os demais.