Demissão da directora pode deixar Viriato por sua conta e risco

Fevereiro 18, 2020 | Cultura

A directora artística do Teatro Viriato, Paula Garcia, tomou três decisões importantes, de uma assentada, de forma unilateral: demitir-se daquelas funções, escolher a sucessora para o cargo e manter-se à frente do Centro de Artes do Espectáculo de Viseu (CAEV). A Câmara Municipal de Viseu, proprietária do edifício que acolhe a casa de espectáculos e co-financiadora, juntamente com o Estado, do seu funcionamento, não gostou de saber destas mudanças em cima da hora, de forma unilateral e através de um simples telefonema. Resultado: o Viriato corre o risco de perder o financiamento municipal e ficar entregue à sua sorte.

Em declarações ao JN, Jorge Sobrado, vereador da Cultura, fala em “quebra ética” da directora do Teatro Viriato e não garante a manutenção do financiamento do Município quando cessar o actual contrato em 2021. “Numa parceria, as questões não se colocam apenas ou sobretudo no plano da legitimidade. Recomenda a ética das relações institucionais e os princípios da boa colaboração, transparência e confiança, que exista um diálogo, uma auscultação, um entendimento”, declarou.

Em comunicado divulgado logo após ter conhecimento da decisão de Paula Garcia, que indicou para o cargo Patrícia Portela, que toma posse a 1 de março, o Município de Viseu, “surpreendido”, declarou que “tais decisões do Centro de Artes do Espectáculo de Viseu, destituídas de uma auscultação e articulação prévias com aquele que é o proprietário do equipamento e principal parceiro do projecto do Teatro Viriato – o Município de Viseu –, constituem um profundo desrespeito institucional e uma quebra dos mais elementares princípios éticos da confiança e parceria”.

O Município de Viseu considera, perante tais factos, que a autonomia artística do Centro de Artes do Espectáculo de Viseu na programação do Teatro Municipal nunca foi posta em causa. “Existem, porém, decisões estratégicas relativas à orientação e desenvolvimento do projecto cultural que é o Teatro Viriato que exigem concertação e diálogo, o que de todo existiu”.

De igual forma, o Município de Viseu estranha e lamenta que a actual directora não tenha concluído o seu mandato até ao fim, nos termos do projecto candidatado a financiamento do Ministério da Cultura. “Decisões unilaterais como estas ferem as condições de relacionamento institucional de futuro e representam um voltar de costas à comunidade local”, conclui o comunicado.

Além da cedência do Teatro Municipal e da sua manutenção corrente, o Município de Viseu assegura anualmente, até 2021, um financiamento de 380.000 euros à programação e funcionamento do Teatro Viriato.

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