“Foi uma tragédia que nos abalou muito. Mas conseguimos ter a capacidade de a ultrapassar e ir em frente”. Palavras sentidas, aquelas que são proferidas por Mário Loureiro, presidente da Associação de Municípios do Planalto Beirão (AMPB), quando recorda o violento incêndio que, em outubro de 2017, reduziu a cinzas a quase totalidade das instalações, equipamentos e projectos que a instituição possuía no Vale da Margunda, concelho de Tondela, onde tem a sua sede. Mas o fogo não conseguiu destruir a esperança. Com um espírito de união sem precedentes, a direcção do Organismo, apoiada nos 19 municípios que a integram, e em ligação estreita com um conjunto vasto de entidades locais, regionais e nacionais, conseguiram renascer das cinzas. E, como se não bastasse, os projectos que a Associação tinha em mãos recuperaram atrasos e têm hoje um grau de execução muito elevado, quando comparado com o que se passa noutras regiões.
“Quando se assumem responsabilidades, no meu caso a presidência do Planalto Beirão, obviamente que aceitamos os desafios implícitos e a responsabilidade de lhes dar resposta. Na verdade, fomos confrontados com uma situação muito difícil. Mas está ultrapassada. Hoje estamos bem melhor. Com o apoio de todos os municípios, recuperamos a nossa capacidade de intervenção. Porque é bom que se diga: o Planalto Beirão não resolve nada se não tiver por detrás a força dos seus 19 municípios e dos seus 350 mil habitantes. Um território muito vasto e uma região que nos orgulha servir na área ambiental”, acrescenta o também presidente da Câmara Municipal de Tábua, Mário Loureiro.
A recuperação das infraestruturas destruídas pelo violento incêndio de Outubro de 2017, foi essencial para que a entidade que responde pelo Sistema Intermunicipal de Gestão de Resíduos nos 19 municípios associados, desse andamento aos projectos que tinha em carteira. Um deles, uma candidatura para recolha selectiva de resíduos, que antes já tinha trabalho feito, teve de ser reformulada e alvo de uma nova candidatura. Com uma dotação de 21 milhões de euros, está hoje em marcha plena e a chegar a todo o conjunto dos municípios de Planalto Beirão.
A candidatura foi feita ao POSEUR – Programa Operacional para a Sustentabilidade e Eficência no Uso de Recursos. O projecto visa a modernização e requalificação de toda a cadeia do seu sistema de recolha selectiva e tratamento de resíduos valorizáveis, produzidos na sua área de influência. O montante de investimento aprovado é de 21 milhões de euros e inclui, além da compra de 20 viaturas, um valor significativo para sensibilização ambiental. É o caso dos mais de 4 milhões de euros que estão afectados à instalação de ecopontos enterrados, semi-enterrados e de superfície, modernização das infraestruturas de triagem, recuperação e beneficiação de estações de transferência dos resíduos, central de triagem de papel e cartão, e Estação de Tratamento das Águas Lixiviadas.
“O investimento previsto inclui toda a cobertura do aterro, selagem, e encaminhamento do biogás ali produzido. É um investimento muito avultado, porque estava tudo destruído e tivemos de fazer tudo de novo. Agora estamos a dar continuidade ao projecto”, confirma Mário Loureiro.
O presidente da AMPB recorda que quando o organismo completou duas décadas de existência, em maio último, foi reconhecido estar-se perante uma candidatura ambiciosa. Em que poucos acreditavam. “O próprio POSEUR era céptico em relação à nossa capacidade de concretização. Mas conseguimos. Temos neste momento a segunda maior candidatura do país e somos a primeira entidade em termos de execução física e financeira, que já ultrapassa os 50 por cento”.
PASSAR DE 26 KG/ANO PARA 29 KG POR HABITANTE EM 2020
Os números contam. Neste caso, os 19 municípios do Planalto Beirão, vão passar a dispor de contentores enterrados, semi-enterrados e de superfície, além de baterias que passarão, neste caso, de 1.500 ecopontos para o dobro. Está a ser acrescentado em cada uma destas ilhas ecológicas, um quarto contentor destinado a resíduos indiferenciados. Desta forma, a organização calcula que os 26 quilos/ano por habitante de recolha selectiva para reutilização, possa atingir os 29 quilos em 2020. “Este projecto, que dado o contexto em que está a ser executado, nos deixa particularmente satisfeitos, está a desenvolver-se acima das nossas expectativas”, afirma José Portela, secretário executivo da AMPB.
Segundo este responsável, o projecto contempla quatro eixos: aumento da capacidade instalada de deposição selectiva, nomeadamente ecopontos enterrados, de superfície e semi-enterrados, com uma taxa de execução que anda entre os 50 e os 65 por cento. “As viaturas de recolha e transporte estão todas a circular desde março de 2019, altura a partir da qual entrou também em funcionamento a central de triagem de resíduos de embalagem”, explica José Portela.
A coroar a candidatura e o projecto em curso, será o momento de partir para outra etapa. “Vamos, agora sim, também com muita atenção e dedicação, logo que venha o visto do Tribunal de Contas, iniciar a execução do Plano de Sensibilização Ambiental. É um projecto ambicioso, que vai abranger toda a população dos 19 municípios, todas as faixas etárias. É preciso demonstrar às pessoas que o gesto é importante. Que a separação na fonte, ou seja em casa, é extremamente importante para que os ecopontos funcionem, e para que a recolha selectiva aumente”, conclui José Portela.
VELHOS CONTENTORES JÁ NÃO DESFEIAM ESPAÇOS EMBLEMÁTICOS
Contentores abarrotados de lixo em praças emblemáticas dos municípios da região, começam a fazer parte do passado. É isso mesmo que está a acontecer também em Penalva do Castelo, onde foram recentemente instalados os contentores num espaço nobre da Vila: a Praça Magalhães Coutinho, bem defronte da Igreja da Misericórdia. Nada mais, nada menos, que um ex-libris de Penalva do Castelo. “Os novos equipamentos já dignificam este espaço. Os velhos contentores vão ser retirados, o que trazia alguns constrangimentos pelo impacto que sabíamos poderiam ter nas pessoas que vivem e visitam o nosso concelho”, afirma o presidente da Câmara Municipal, Francisco Carvalho.
“É uma preocupação do Planalto Beirão e da Câmara de Penalva do Castelo, contribuir para melhorar o ambiente. Queremos deixá-lo melhor do que aquele que herdamos”, sublinhou o autarca.
O investimento em ilhas ecológicas neste concelho ascende a 203 mil euros. Ao todo são 63 os ecopontos a distribuir pelas freguesias.