Recolha selectiva de resíduos vale pontos nos bairros de Viseu

Março 8, 2019 | Economia

Nos próximos meses, no âmbito de um projeto-piloto em curso, os habitantes dos bairros da cidade vão poder transformar o lixo que produzem em benefícios para as suas comunidades. É simples: cada tonelada de lixo será convertida em pontos. E o bairro com mais pontos, será campeão. Os moradores terão acesso aos contentores através de um cartão que garantirá o controle de todo o processo. Esta iniciativa enquadra-se num projeto mais amplo, o Viseu Recicla, lançado pelo Município de Viseu, que garante um investimento de sete milhões de euros, a lançar durante o ano em curso, consubstanciado na instalação de mais 346 ilhas ecológicas e aquisição de sete novas viaturas.

O presidente da Câmara de Viseu, Almeida Henriques, diz que o projeto Viseu Recicla traz um novo paradigma ambiental ao Município, pedindo, assim, o envolvimento da comunidade de forma a corresponder ao investimento de sete milhões de euros que está a ser feito. Um investimento feito no âmbito de uma candidatura comunitária apresentada pela Associação de Municípios do Planalto Beirão.

Ao intervir na sessão de apresentação do projeto Viseu Recicla, o autarca salientou a necessidade de “uma maior preocupação com a deposição seletiva de resíduos”. E com o reforço de meios, quer com a duplicação de ilhas ecológicas no concelho, quer com as viaturas afetas à recolha de resíduos, “não haverá desculpa para não apostar na deposição seletiva”.

Com este investimento, Viseu passará a ter 755 ilhas ecológicas (existem atualmente 349), que estarão instaladas até final do Verão.

Na sessão desta segunda-feira, feita perante mais de uma centena de alunos das escolas Alves Martins e Emídio Navarro, foram ainda apresentadas novas viaturas: três a gás natural para recolha de resíduos indiferenciados (entram em circulação a 2 de abril), cinco para recolha seletiva de resíduos (que entram de imediato em circulação) e uma para recolha de resíduos junto dos comerciantes (à espera do visto do Tribunal de Contas para iniciar o serviço). Com a viatura a recolher, porta-a-porta, o material reciclável (podem depositar até 1100 litros de lixo/dia), os proprietários de cafés, restaurantes e comércio em geral, não poderão usar os contentores reservados ao lixo doméstico.

“Estão criadas as condições para que ninguém tenha desculpas para não fazer a recolha seletiva”, frisou Almeida Henriques, acrescentado que cada munícipe terá mais de 64 litros para deposição dos resíduos seletivos.

Nesta sessão, o Presidente da Câmara destacou ainda que o projeto Viseu Recicla será implementado ao longo de 2019, sendo que um dos passos seguintes passa pela distribuição de um cartão aos utilizadores do sistema, que permitirá monitorizar e quantificar a quantidade de resíduos depositados. “Vamos poder dizer que somos a cidade mais ecológica do país”, frisou Almeida Henriques.

“Além de permitir uma melhor gestão das rotas, pois será possível saber onde a deposição seletiva é maior, este sistema permitirá também uma certa competição entre bairros”, destacou o autarca, adiantando que “aos que tiverem uma aposta mais efetiva na reciclagem ser-lhes-á atribuídos pontos que darão benefícios”.

Em 2018, foram recolhidos nos ecopontos do Município de Viseu 3 mil toneladas de resíduos que foram encaminhados para reciclagem, o que equivaleu a uma poupança de quase 282 mil euros.

O Planalto Beirão recolheu em todos os Municípios aderentes mais de 7 mil toneladas, correspondendo, desta forma, ao Município de Viseu 40,84% da totalidade dos resíduos reciclados.

 

PLANALTO BEIRÃO INVESTE 18 MILHÕES NA «OPERAÇÃO POSEUR»

Enquanto entidade responsável pelo Sistema Intermunicipal de Gestão de Resíduos nos 19 municípios associados, a Associação de Municípios do Planalto Beirão (AMPB), candidatou em 2016 ao «Programa Operacional para a Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos», um investimento de 18 milhões de euros com vista à modernização e requalificação de toda a cadeia do seu sistema de recolha seletiva e tratamento de resíduos valorizáveis produzidos na sua área de influência.

Mário Loureiro, presidente do Conselho Diretivo da ANMP ( e também presidente da Câmara Municipal de Tábua), sublinha que o investimento está em linha com a estratégia de incremento de separação de recicláveis na fonte, crescimento da circularidade dos materiais na indústria recicladora, e promoção de uma economia tendencialmente circular, mobilizada por energias limpas e sustentáveis.

“Atendendo ao prejuízo causado pelos incêndios de outubro 2017 que superou os 6 milhões de euros, houve necessidade de efetuar uma reprogramação física, temporal e financeira da operação POSEUR, com vista à reposição da capacidade instalada das Centrais de Triagem de Resíduos”, justifica Mário Loureiro

Não obstante a celeridade que tem caracterizado a reconstrução das centrais, com conclusão prevista para o final de março, a AMPB prevê incrementar, até 2020, a recolha seletiva de resíduos recicláveis e, consequentemente, aumentar a capacitação de retomas com origem naquela recolha; a diminuição em 10 por cento da reposição de resíduos urbanos biodegradáveis depositados em aterro sanitário; e aumentar a preparação para reutilização e reciclagem, para um total de 80 por cento, dos resíduos recicláveis produzidos nos 19 municípios da área de intervenção.

Foi com este objetivo que a AMPB apresentou, já em 2018, “um perfeito alinhamento com a estratégia de incremento da valorização de resíduos”, no âmbito do PERSU, para o período de 2015-2020. “Para este alinhamento, muito contribuiu também, para além do desempenho da recolha seletiva, o restabelecimento das condições de operação das instalações de tratamento mecânico e biológico da central de valorização orgânica do Centro de tratamento de resíduos sólidos urbanos, em Tondela”, reconhece Mário Loureiro.

A AMPB é responsável pela recolha e tratamento de cerca de 120 mil toneladas anuais de resíduos sólidos urbanos, servindo uma população de 350 mil cidadãos.

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