Centro Hospitalar Tondela – Viseu com créditos de 23 milhões de euros

Março 2, 2017 | Região

Quase a deixar a presidência do Conselho de Administração (CA) do Centro Hospitalar Tondela-Viseu, Ermida Rebelo lamenta que o Governo tarde em pagar milhões de euros em dívida, relativos a contratos-programa estabelecidos com a unidade que dirige. Dinheiro que, afirma, daria para modernizar a unidade e dar melhores condições a quem nela  presta serviço. O dirigente lamentou ainda a falta de recursos humanos, e deixou alguns conselhos sobre a forma de colmatar a sua escassez no interior do país.

“O Centro Hospitalar reclama, e que é um crédito que ficará para o próximo CA, é que a Administração Central cumpra a dívida que tem perante estes contratos-programa. Nós cumprimos a nossa parte, recebemos em duodécimos, mas falta o cumprimento financeiro de todo o contrato-programa”, denunciou Ermida Rebelo.

Sem querer avançar números, “para não ser deselegante”, Ermida Rebelo explicou que o montante em dívida é quatro vezes superior aos 5,6 milhões de euros que estão orçamentados para a remodelacão e ampliação do serviço de urgências. Feitas as contas, a dívida do Governo ascende a 23 milhões de euros. Dinheiro que daria, segundo o presidente do CA, para, entre outros investimentos, repor equipamentos em fim de vida e para oferecer alguma inovação tecnológica aos colaboradores “que bem merecem”.

Na origem da dívida estão os contratos-programa assinados nos últimos cinco anos com a Administração Regional de Saúde do Centro e com a Administração Central. O Centro Hospitalar Tondela-Viseu garante que cumpriu a sua parte, esperando que a tutela cumpra a parte que lhe cabe. “Não deixamos dívidas ao próximo CA, deixamos créditos”, declarou Ermida Rebelo.

A falar no dia do hospital, também dia do padroeiro, S. Teotónio, numa cerimónia que contou com a presença dos presidentes das câmaras de Viseu e de Tondela, Almeida Henriques e José António Jesus, e ainda com o director da ARS Centro José Tereso, o presidente do CA lamentou, em contraste com o que se passa com a unidade que dirige, o tratamento desigual que em matéria de financiamento tem sido prestado a outros hospitais do país.

Em vias de deixar o cargo que ocupa há cinco anos, Ermida Rebelo garante que sai com o sentido de dever cumprido, “embora ainda haja muito para fazer”. Lembrou, entre outros parâmetros, as 35 mil consultas realizadas no Centro Hospitalar Tondela-Viseu e a redução em 28% do tempo de resposta. “28% é pouco, mais tem de ser feito, mas é necessário dotar o Centro Hospitalar de recursos humanos”. Os sectores mais deficitários são a Urologia e Dermatologia.

Sobre a escassez de médicos no interior do país, Ermida Rebelo recordou que o Estado paga a formação pós-graduada dos médicos, sem que o Estado usufrua de um período de carência que obrigue os profissionais a permanecer no Serviço Nacional de Saúde. “Terminada a especialidade, qualquer profissional pode desligar-se completamente e ir à sua vida”, lamentou. Aconselhou, por isso, reflexão sobre matéria tão delicada.

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