Massificação do eucalipto está a matar biodiversidade na serra do Caramulo

Abril 3, 2016 | Economia

Há 900 espécies diferentes na Serra do Caramulo, algumas delas raras e ameaçadas de extinção. E uma das causas mais próximas, segundo Pedro Ribeiro, docente da Escola Secundária Viriato, está na excessiva plantação do eucalipto, cuja proliferação “impede a sobrevivência de outras espécies nas áreas ocupadas”.

No estudo apresentado no Seminário «A Floresta Somos Nós», promovido pela Câmara de Tondela no Auditório Municipal, intitulado «Biodiversidade do Caramulo, um tesouro partilhado», Pedro Ribeiro recordou que se em 1990 a situação “já era preocupante”, 14 anos depois, em 2004, muito antes dos incêndios, a área do eucaliptal aumentou 94 por cento. A que acresce, alertou, a diminuição de folhosas provocada pelos incêndios de 2013 que influenciaram a ocupação do solo.

Organizado com o objectivo de contribuir para uma reflexão científica e pedagógica da floresta enquanto garante da sustentabilidade ecológica do planeta e da sua biodiversidade, o Seminário «A Floresta Somos Nós» levou a Tondela conceituados especialistas, que convergiram na necessidade de uma gestão mais equilibrada no (re)povoamento da Serra do Caramulo, conciliando os interesses económicos com as preocupações ambientais.

Milene Matos, bióloga natural do concelho de Tondela, que tem desenvolvido um trabalho direcionado para a defesa da floresta, nomeadamente no Parque Natural da Mata do Buçaco, e cujos resultados já foram reconhecidos com a atribuição de prémios nacionais e internacionais, sublinhou que pela sua formação “nunca poderia ser contra o eucalipto, mas sim contra o tipo de gestão que se faz dessa planta”.

Carla Antunes, vereadora da Câmara Municipal de Tondela e responsável pela área florestal, apelou a uma reflexão mais atenta sobre os comportamentos a ter em relação a essa “grande realidade que é a Serra do Caramulo”, concluindo pela necessidade de implementação de uma política de ordenamento florestal mais “consciente e integradora”.

“Na Serra do Caramulo temos que admitir três dimensões: uma produtiva que é possível e desejável existir desde que regulada e fiscalizada, outra em que o pinho, em si, tem enquadramento, e outra, que é o Caramulo no seu todo, ao qual deverá estar reservada uma função de equilíbrio, e de valorização ambiental, turística e ecológica. Este equilíbrio é que tem que fazer a diferença da nossa Serra”, concluiu o presidente da Câmara Municipal, José António de Jesus.

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