O Centro Interpretativo Judaico de Vila Cova à Coelheira, no concelho de Vila Nova de Paiva, deverá abrir ao público antes do Verão. A notícia, há muito aguardada por estudiosos e amantes da cultura judaica, foi avançada pelo presidente da Câmara, José Morgado, durante as cerimónias comemorativas do Dia do Município, este ano dominadas pela temática cultural. Para além do anúncio da abertura do centro de memórias judaicas, foi apresentado, a título póstumo, um roteiro turístico-cultural das autoria do investigador João Luís de Inês Vaz. E lamentado o impasse que continua a impedir a abertura do Museu Arqueológico de Vila Nova de Paiva.
A recuperação da sinagoga e espaços adjacentes, em Vila Cova à Coelheira, permitiu à Câmara de Vila Nova de Paiva avançar com o processo de instalação dos conteúdos, materiais e imateriais, que estarão disponíveis à apreciação e consulta do público interessado já a partir do próximo verão.
O investimento global no edifício e instalação do Centro Interpretativo Judaico ascende a cerca de 300 mil euros. A obra foi apoiada por fundos do PRODER através da Associação de Desenvolvimento do Dão é Alto Paiva. A partir da sua entrada em funcionamento, estarão criadas as condições necessárias para que o município de Vila Nova de Paiva integre a Rede de Judiarias de Portugal.
O presidente do Município, José Morgado, acredita que a requalificação do património, associado à herança judaica (que segundo historiadores poderá ser anterior a 1497), contribuirá para a promoção cultural e turística do concelho a que preside. Com a mais-valia de poder atrair a comunidade judaica espalhada pelo mundo.
No dia em que a Câmara de Vila Nova de Paiva homenageou funcionários municipais, coube a Agostinho Ribeiro, diretor do Museu Nacional de Grão Vasco, apresentar o roteiro turístico-cultural da autoria de João Luís de Inês Vaz e da sua equipa. O trabalho foi elogiado. E foi também deixada a garantia de que o arqueólogo, já falecido, mas com trabalho intenso ligado ao concelho de Vila Nova de Paiva, será alvo de uma homenagem municipal no próximo ano.
Num dia marcado por eventos culturais, José Morgado voltou a lamentar o impasse que persiste, entre o município de Vila Nova de Paiva e a Direcção Regional de Cultura, que tem impedido o regresso ao concelho de vários achados arqueológicos encontrados no decurso de escavações ali realizadas. O município reclama há dois anos, segundo José Morgado, “a devolução das peças”, de modo a poder avançar para a criação do Museu Arqueológico de Vila Nova de Paiva.