Hospital e centros de saúde preparados para combater picos de gripe

Janeiro 3, 2016 | Sociedade

No início do ano em curso, entre a segunda quinzena de Janeiro e a primeira semana de Fevereiro, o Centro Hospitalar Tondela-Viseu (CHTV) chegou a registar mais de 700 episódios de urgência por dia. Na sua maioria, mais de 50%, falsos casos de gripe. O acesso intenso entupiu os serviços. E dificultou o atendimento dos verdadeiros casos de urgência. Para obstar a esta situação, numa altura em que se avizinha nova campanha de combate à gripe, o CHTV e o Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Dão Lafões, concertaram uma estratégia que pretende, em primeiro plano, sensibilizar os utentes para, no seu próprio interesse, recorrerem à unidade hospitalar como última e derradeira solução.

Em conferência de imprensa, as duas entidades anunciaram que irão unir esforços para monitorizar os picos de gripe na área da sua influência. Desta monitorização dependerá o reforço das equipas médicas nos centros de saúde e o alargamento dos horários de funcionamento se tal se revelar indispensável. Antes de tudo, porém, o alerta deixado pelas entidades vai no sentido de os cidadãos recorrerem em primeira instância à Linha de Saúde 24 (808 24 24 24). Só após este contacto, e na sequência das orientações recebidas, deverão deslocar-se ao médico de família ou às equipas de atendimento. O recurso às Urgências será sempre a última opção.

O CHTV registou entre Janeiro e Fevereiro deste ano 160 mil urgências. Metade destes casos, pelo menos, deveriam ter sido tratados nos centros de saúde. Não foi isso que aconteceu. O recurso ao Hospital prejudicou o atendimento dos utentes e leva o Conselho de Administração a definir uma outra prioridade, relacionada com a ampliação da área onde funcionam estes serviços. “É um imperativo aumentar a capacidade e funcionalidade do Serviço de Urgência”, defende Ermida Rebelo.

Neste contexto, foi submetido, no início do ano, um projecto de ampliação das Urgências ao Portugal 2020 que, segundo aquele responsável, “mereceu parecer favorável” por parte da Administração Regional de Saúde do Centro. As obras de ampliação poderão iniciar-se no próximo ano. O objectivo é descongestionar o sector e, dessa forma, diz Ermida Rebelo, “atender melhor os casos verdadeiramente urgentes”.

A ampliação das Urgências hospitalares custará 1,8 milhões de euros. A necessidade desta obra é de tal forma significativa, que o CHTV adiou outros investimentos que tinha previsto, para assim ter disponibilidade financeira para a contrapartida nacional.

O director do ACES Dão Lafões, Luís Botelho, defende, por sua vez, uma mudança de mentalidade por parte dos utentes que acorrem aos serviços de saúde. “Ao primeiro espirro corremos para a Urgência”, lamenta o dirigente. O responsável recorda que na área de jurisdição do ACES Dão Lafões, apenas 5 por cento dos utentes não terão ainda médico de família. O que não obsta a que todos possam ser atendidos se as prioridades no acesso estiveram correctamente definidas. E em primeiro plano, reforça, deverá estar o recurso à linha gratuita que dará às pessoas todas as informações sobre os locais a que devem dirigir-se, em consonância com o respectivo estado de saúde de cada um.

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