Jardins Efémeros: 10 dias de emoções para quem está e chega a Viseu

Julho 14, 2014 | Cultura

Efémeros no tempo em que decorrem, apenas dez dias, entre 11 e 20 de Julho, os Jardins assim chamados já se impõem no calendário de residentes e turistas que todos os anos se cruzam, bem no coração do centro histórico de Viseu, com iniciativas artísticas, culturais e científicas para todos os gostos e feitios. Tudo num ambiente recriado a preceito, com recurso, nesta 4ª edição, a qualquer coisa como 150 toneladas de plantas. As mesmas que hão-de enquadrar, em sítios e não-sítios da urbe, 287 eventos, protagonizados por mais de duas centenas de artistas.

“Celebrar a cidade – um lugar com gente dentro – é o objectivo desta festa. Uma celebração urbana que não se esquecendo da sua história, gentes e vivência, experimenta novas linguagens artísticas e criativas, que pretendem contaminar a cidade e os seus visitantes”, destaca Sandra Oliveira, para explicar o sentido de um projecto que envolve mais de três centenas de pessoas que integram a programação. Para além de artistas, a mesma inclui investigadores, curadores, arquitectos, empresas e a própria comunidade.

“Com esta programação queremos contrariar esta falta de esperança actual, promovendo a articulação entre artistas internacionais e locais, por forma a aumentar a criação e a massa crítica, contribuindo para o enriquecimento, não só cultural, da comunidade”, acrescenta Sandra Oliveira, criadora, directora e responsável pela organização do evento.

A Câmara de Viseu, que apoia a iniciativa com 170 mil euros, vê em Jardins Efémeros, através do olhar do seu presidente, Almeida Henriques, “…um fôlego de criatividade artística misturado com uma reflexão sobre as virtualidades daquilo a que chamamos «cidade»: um ecossistema vivo de pessoas e actividades, lugares e arquitecturas, sons e iluminações, visibilidade e invisibilidade, valores, memórias e imaginários”.

O autarca justifica o apoio reforçado à presente edição de Jardins Efémeros, com a inclusão no seu programa do Simpósio Internacional “Invisible Places Sounding Cities”. Com a chancela da World Forum for Acoustic Ecology (WFAE), este simpósio sobre o som, novidade no evento, decorrerá durante três dias (18 a 20 de Julho) na Escola Superior de Educação de Viseu com a participação de investigadores e artistas de todo o mundo.

 

PARA TODOS OS GOSTOS

Este ano Jardins Efémeros, que voltará a ter o seu epicentro na Praça D. Duarte, não intervirá directamente, como sucedeu na última edição, nos estabelecimentos comerciais da cidade. As memórias serão contadas, agora, através de histórias difundidas por equipamentos de som espalhados pela cidade.

A programação é vasta e variada. Durante 10 dias, os viseenses tropeçarão, em lugares e não-lugares algures na cidade, em espectáculos de teatro, música e dança, sessões de cinema ao ar livre (quatro), projecto 4D Cidade Invisível, demonstrações e mercados de produtos endógenos biológicos, tatuagens, exposições, oficinas que pretendem estimular a criatividade. Pelo meio, muitos convidados reflectirão a cidade – o seu passado, o seu presente e o seu futuro – nas mais diversas vertentes, desde a arquitectura ao ambiente.

O destaque da presente programação de Jardins Efémeros vai para o designado “Casulo”. Uma estrutura arquitectónica de 14 metros, feita por um ferreiro, a instalar no topo do funicular (um não-lugar nas palavras de Sandra Oliveira). Nesta estrutura, 10 mil pessoas (entre reclusos, portadores de deficiência, prostitutas e outros grupos socialmente excluídos) colocarão outros tantos corações em papel, através da realização da técnica de origami que é parte da cobertura integrante da peça. Um símbolo e um desafio à inclusão.

 

 

 

© 2020 Jornal Via Rápida Press. Todos os Direitos Reservados.