Quem circular na A25, nos dois sentidos, não se admire se der de caras, ali para os lados da Área de Serviço, ao quilómetro 53, com um enorme cartaz a identificar “Vouzela Capital da Vitela de Lafões”. O «slogan», justíssimo para um concelho que nas últimas décadas tem investido muito na promoção deste apreciado recurso endógeno, surge poucos dias depois da conquista, pela autarquia, do registo da marca junto das entidades competentes.
“Sentimo-nos legitimados, depois de tantos anos a investir na promoção e valorização deste produto, a avançar com o processo conducente ao registo da marca. Nada mais justo. Se é certo que a vitela de Lafões é uma mais-valia económica para toda esta região, não é menos verdade que, pela parte que nos toca, fizemos tudo, enquanto município, para potenciar este recurso”, diz ao VR Rui Ladeira, presidente da Câmara Municipal de Vouzela.
O autarca justifica a sua convicção na justeza do reconhecimento de Vouzela como “Capital da Vitela de Lafões”, com o apoio financeiro que a autarquia “nunca regateou” aos três concursos pecuários que anualmente se realizam no concelho: a Feira da Malhada (S. Martinho) na Penoita, a Feira da Vitela em Queirã, e o Concurso Pecuário que desde há 40 anos faz parte das Festas da Senhora do Castelo.
“Antes de procedermos ao registo da marca, mandamos elaborar um estudo a avaliar o potencial e os problemas deste sector agropecuário. E uma das soluções apontadas nesse documento, foi a de promovermos um festival regional dedicado à Vitela de Lafões. O evento decorreu no último fim de semana.
VITELA DE LAFÕES IGP – INDICAÇÃO GEOGRÁFICA PROTEGIDA
A Vitela de Lafões, enquanto produto IGP (Indicação Geográfica Protegida), é obtida a partir de bovinos das raças arouquesa e mirandesa e seus cruzamentos. Estes animais deverão estar integrados no habitat delimitado pelas serras do Caramulo e Gralheira, e alimentar-se da flora característica na zona: tojo, giesta, rosmaninho e carqueja, entre outras espécies.
A maioria destes animais são criados em organizações de carácter familiar. Uma situação propícia a uma alimentação tradicional, baseada no leite materno, numa fase inicial e, mais tarde, nos pastos verdes da época. Farinhas, milho e centeio, obtidos na própria exploração, farão parte da alimentação das reses nos tempos mais frios do inverno. A vitela de Lafões é considerada como tal, quando os animais são abatidos ao desmame, entre os cinco e os sete meses de vida.
Suculenta, saborosa e com características únicas, a carne da Vitela de Lafões faz parte dos menus mais exigentes, da esmagadora maioria dos restaurantes do concelho de Vouzela. A área geográfica correspondente à produção (nascimento, cria e abate dos animais) da Vitela de Lafões – IGP compreende os concelhos de Oliveira de Frades, Vouzela e S. Pedro do Sul, e algumas freguesias dos concelhos de Sever do Vouga, Viseu e Castro Daire.