Revitalização do Centro Histórico de Viseu em debate

Maio 9, 2014 | Região

O presidente da Câmara, Almeida Henriques, apresentou o que diz ser o “momento um” do próximo futuro do centro histórico de Viseu: o plano estratégico pró-revitalização do casco antigo da cidade. Um documento que há-de servir de elemento orientador da intervenção a pôr em prática ao longo da próxima década. Mas que, no entender do autarca, só fará sentido se puder contar com a voz activa de todos os viseenses, materializada em ideias, sugestões e projectos por uma causa maior: a candidatura do centro histórico a Património da Humanidade.

“Não queremos nem uma reabilitação de fachada, nem um debate de fachada. Queremos, isso sim, inverter a trajectória de perda de residentes na zona histórica e lançar uma nova cultura de renovação da cidade”, desafia Almeida Henriques. Que pretende uma participação “séria e aberta” em torno de uma matéria tão cara ao concelho. “A politiquice nunca será bem-vinda a este debate”, avisa.

Apresentado na última semana, o documento estratégico para a revitalização do centro histórico de Viseu, já em fase de consulta e debate público (www.cm-viseu.pt) assenta em oito objectivos fundamentais a materializar em 22 medidas concretas. A começar pela atracção de população jovem e qualificada àquela zona da cidade, passando pela fixação de novas actividades e melhoria das condições existentes (acessibilidades e estacionamento, entre outras), até à promoção turística.

“Queremos que o centro histórico de Viseu se afirme como um território cultural sustentável, atractivo, dinâmico e inclusivo. Que valorize o seu património histórico, arquitectónico, simbólico e social, combinando, harmoniosamente, funções habitacionais, turísticas e económicas, enquanto palco de eventos relevantes aberto à inovação e criatividade artística”, garante Almeida Henriques.

«Reabilitar com Paixão, Recuperar o Coração» é a divisa em que assenta o documento estratégico para a revitalização do centro histórico de Viseu, que estará em discussão ao longo dos próximos dois meses. A primeira reunião participativa, já agendada para 7 de Maio, será com a Associação de Comerciantes, seguindo-se outras com o Conselho Estratégico e Conselho Municipal da Juventude, para além dos contributos que o gestor do Centro Histórico irá recolher junto dos vários agentes e grupos de cidadãos instalados naquela zona da cidade. “É um projecto demasiado importante para ser todo definido pela autarquia”, reconhece Almeida Henriques, para quem este debate surge, “numa feliz coincidência”, com o início de um novo Quadro Comunitário de Apoio.

“O centro histórico é uma paixão. Não uma paixão apenas do presidente da Câmara, mas uma paixão dos viseenses. Este é o coração antigo da cidade, que neste momento bate fraco e doente na atracção de novas famílias. Mas é também o lugar onde os viseenses têm o seu coração”, justifica Almeida Henriques, para concluir que “é no centro histórico que se encontram muitos dos recursos e oportunidades para o desenvolvimento de Viseu. Um potencial de desenvolvimento urbano, económico, social e turístico que precisa ainda de ser concretizado. E este é um desafio coletivo”, insiste o autarca.

MERCADO 2 DE MAIO SERÁ “ÂNCORA DE DESENVOLVIMENTO”

O centro histórico de Viseu, que nos últimos dez anos perdeu 30 por cento dos seus residentes (em 2001 eram 1.900 e hoje serão cerca de 1.300), abrange uma área equivalente a cerca de 25,4 hectares. Dos 628 edifícios aqui localizados, a maior parte anterior a 1950, 152 estão em mau estado de conservação. No período de 2006 a 2013 foram reabilitados 45 com o envolvimento da iniciativa privada e, no período de 2007 a 2013, por acção da «Viseu Novo SRU», foram intervencionados mais 11 edifícios, num investimento global de 4,8 milhões de euros.

Actualmente, decorre o concurso para a reabilitação de mais sete edifícios, no âmbito do programa «Reabilitar para Arrendar», um processo que envolve um investimento global de 2,9 milhões de euros, incluindo o valor de aquisição. As obras deverão ficar concluídas até ao final do próximo ano.

Para concluir ao longo deste ano, a Câmara Municipal de Viseu tem ainda em carteira intervenções em, pelo menos, três espaços públicos: o arranjo urbanístico do Largo António José Pereira e a requalificação das ruas João Mendes (também conhecida por Rua das Bocas), Cónego Martins e Soar de Cima, num investimento aproximado de 550 mil euros.

O documento estratégico para a reabilitação do edificado no centro histórico, que prevê a simplificação e agilização de procedimentos burocráticos / administrativos, e de incentivos de natureza fiscal, propõe ainda uma intervenção proativa de radicação de novos serviços, nos domínios da saúde, cultura e ensino. Que passará, segundo Almeida Henriques, pela instalação da incubadora de empresas no antigo edifício dos Bombeiros (Rua do Comércio), pela construção de um hostel ao lado da incubadora, afectação ao ensino das antigas instalações do Orfeão e da EDP, na Rua Direita, e criação de uma Unidade de Saúde Familiar, entre outros projectos.

Neste contexto, o mercado 2 de Maio irá desempenhar um papel de “âncora de desenvolvimento” do centro histórico de Viseu. Para o efeito, será objecto de um concurso de ideias em ordem a uma revitalização que inclui a colocação de uma cobertura que permita a instalação de novos espaços comerciais e a realização de eventos ao longo de todo o ano.

 

 

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