Primeira Assembleia Participativa no Bairro Municipal de Viseu

Maio 9, 2014 | Sociedade

Realizou-se no passado dia 10 de Abril a 1ª Assembleia Participativa do Bairro Municipal de Viseu, convocada pelo O Bairro – Movimento pelo Bairro Municipal de Viseu, com a participação da autarquia, através de técnicos da Habisolvis, de Céline e Roberto Falanga, professores do Departamento de Arquitectura da Universidade Católica e os seus alunos do 4º e 5º ano,  e de membros do Núcleo de Viseu da Associação Olho Vivo. Com uma ampla participação dos moradores, com especial destaque para as mulheres, esta assembleia serviu, em primeiro lugar para todos manifestarem livremente os seus anseios e frustrações relativamente ao espaço onde vivem, alguns há longas dezenas de anos, agora que a ameaça de destruição massiva parece definitivamente arredada. Como reparar o que já foi destruído? O que fazer dos espaços ocupados pelos destroços, a que os moradores chamam “a pedreira”, um amontoado de pedras que continua ali a ferir a alma do bairro, como monumento à ignorância e incompetência dos “calhaus” que  mandam, ou mandavam? Como reabilitar sem desvirtuar, como já foi feito numa das casas destinadas a “memória póstuma”? Como reocupar as cerca de 50 casas devolutas e com quem, uma vez que são muito mais do que as casas demolidas, cujos moradores foram realojados no Bairro 1º de Maio,  mas que desejam regressar, em vez de irem para as “gaiolas” do novo bloco?  Como promover a inclusão e diversidade dos moradores, sem o risco de não assegurar a continuidade geracional, dado o progressivo envelhecimento dos actuais residentes? Eis algumas das questões colocadas.

Os moradores responderam dando prioridade à reabilitação das casas (deixadas deteriorar pelos sucessivos executivos camarários), a começar pelos telhados e caixilharia, à recuperação dos espaços públicos  e criação de outros, nomeadamente dedicados a crianças, jovens e idosos, que potenciem a vida comunitária e a convivência entre os moradores, o património mais precioso do Bairro.

Na última sessão da Assembleia Municipal, em 28 de Abril, o  presidente da Câmara, Almeida Henriques,  garantiu ao deputado Carlos Vieira que iria classificar o Bairro como Património de Interesse Municipal, (de acordo com o parecer da Direcção-Geral do Património Cultural, em resposta ao pedido de classificação feito pelo Núcleo de Viseu da Associação Olho Vivo), mas que o faria a seu tempo, para não prejudicar o processo de reabilitação do bairro, o que mereceu a discordância do deputado do Bloco de Esquerda que,  pelo contrário, entende que o processo de classificação, neste caso, é fundamental para afastar definitivamente quaisquer veleidades de especulação imobiliária ou de exploração comercial do espaço a reabilitar que possam desvirtuar o carácter histórico e social do bairro, para além de que assegurará a irreversibilidade da decisão camarária, pondo fim, de imediato, à ansiedade dos moradores, relativamente ao futuro do bairro e das suas próprias vidas.

 

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