Viseu abre ao mundo um museu único dedicado ao quartzo

Maio 6, 2012 | Região

Mais de década e meia depois de ter sido idealizado, abriu finalmente as portas, no Monte de Santa Luzia, em Viseu, o Museu do Quartzo – Centro de Ciência Viva. O único no mundo dedicado a uma só espécie mineral, e o mesmo que, ainda em fase de projecto, já tinha sido galardoado, em 1997, com o Prémio Nacional do Ambiente. Por deliberação da Câmara Municipal, o geomonumento, como também é conhecido, recebeu o nome do seu principal mentor e coordenador científico, o geólogo Galopim de Carvalho.

“Este espaço constitui uma mais-valia pedagógica e didáctica determinante no processo ensino/aprendizagem”, reconheceu Américo Nunes, vice-presidente da autarquia, que enquanto vereador do Ambiente decidiu, no início da década de 90, desafiar Galopim de Carvalho, à altura director do Museu Nacional de História Natural de Lisboa, para pôr o projecto em marcha.

O empreendimento, que envolveu um investimento superior a um milhão de euros, tinha por objectivo inicial encontrar uma solução que eliminasse o rasgão deixado à mostra, numa das vertentes do Monte de Santa Luzia, após alguns anos (1961/68) de exploração mineira a cargo da entretanto extinta Companhia Portuguesa de Fornos Eléctricos, de Canas de Senhorim.

A obra levou dois anos a ser construída, após a abertura do concurso público em 2006. Quando tudo parecia estar pronto para a sua abertura ao público, o furto de uma torre, primeiro, e a constatação de que o projecto não previra um imprescindível sistema de ar condicionado, depois, levaram a que a inauguração fosse sucessivamente adiada. A esta situação, que ditou quatro anos de uma longa espera, não foi ainda alheio, como na altura explicou o presidente da autarquia, Fernando Ruas, o complexo processo de definição exaustiva e ponderada dos conteúdos.

A requalificação do espaço, nos limites das freguesias de Campo e de Abraveses, previa, para além dos arranjos exteriores que valorizassem um dos mais belos miradouros naturais da cidade de Viseu, a construção de uma estrutura museológica exclusivamente dedicada ao quartzo, um mineral que tem neste monte uma das maiores jazidas da Europa.

Inaugurado esta semana, com a presença do ministro da Educação e da Ciência, Nuno Crato, o museu pretende, na primeira das três fases previstas, ter um cunho iminentemente pedagógico/didáctico junto da comunidade local, particularmente professores e alunos das escolas da região.

Nas fases subsequentes, Galopim de Carvalho, que não falou à cerimónia inaugural, admite que o museu possa conquistar universidades e empresas para, em conjunto, promoverem a investigação científica e aplicada em torno do quartzo. Numa terceira fase, deverá evoluir de forma a cativar, entre outros, investidores internacionais ligados à indústria da relojoaria que tenha o quartzo como principal matéria-prima. “Estamos perante um verdadeiro filão de potencialidades científicas e tecnológicas”, assevera Galopim de Carvalho. “E de uma pedra na cultura científica portuguesa”, conclui Nuno Crato.

O presidente da Câmara de Viseu considerou que, “além do seu valor intrínseco”, o geomonumento, agora inaugurado, passará, “pela excelente localização de que desfruta e pelos arranjos exteriores a que foi sujeito”, a ser “um dos mais aprazíveis mirantes da cidade, capaz de atrair para o Monte de Santa Luzia muitos visitantes”.

INTERACTIVIDADE

Constituído por centenas de peças arrancadas do extraordinário filão hidrotermal de quartzo leitoso identificado no Monte de Santa Luzia, entre outras, o Museu do Quartzo pretende assumir-se como escola de ciência viva em torno deste mineral. Para o conseguir, os seus ideólogos apostaram num sistema de interactividade que permita ao público em geral, e aos jovens em idade escolar, em particular, aceder e interagir com os conteúdos expostos. Os painéis expositivos, enquadrados pela escarpa que contém a matéria-prima que está na origem do geomonumento, completam-se num espaço que, a partir de agora, valerá a pena visitar.

 

 

 

 

 

 

 

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